O Papa Francisco se encontrou na tarde de quarta-feira, 17 de janeiro, com milhares de jovens, aos quais propôs guardar uma senha especial no coração que os ajudará em seu caminho de fé.

O Santo Padre pediu aos milhares de fiéis uma senha tirada de uma pergunta que, frequentemente, o conhecido santo chileno, Santo Alberto Hurtado, se fazia: “Que faria Cristo no meu lugar?”.

Em meio a um grande ambiente de festa no Santuário Nacional de Maipú, em Santiago, o Santo Padre foi recebido pelo hino da visita do Papa ao Chile, “Mi paz les doy” (Minha paz lhes dou), entoado pelo cantor Américo e uma pequena menina.

No loca, o Papa se encontrou com milhares de jovens que o esperavam desde a manhã para poder estar com ele e que o receberam com o lema instaurado pelos participantes da JMJ Madri 2011: “Esta é a juventude do Papa!”.

Após a saudação inicial, três jovens apresentaram a Francisco uma cruz azul, na qual o Papa colocou uma fita vermelha, em sinal do compromisso dos jovens em trabalhar “por um Chile melhor”.

Antes das palavras do Pontífice, os presentes escutaram o testemunho de Ariel Rojas, que compartilhou algumas reflexões com Francisco sobre a vivência de sua geração no Chile de hoje, “diferente do que recebeu São João Paulo II há 30 anos”.

Em suas palavras, Rojas prometeu ao Santo Padre as orações de todos os jovens para que sejam “seu respaldo quando se sentir esgotado por suas infinitas tarefas como Sucessor de Pedro, o Papa, nosso Papa”.

No encontro, foi lida uma passagem do Evangelho de São João, na qual Jesus diz a alguns jovens que querem saber onde vive e o Senhor responde: “vinde e vede”; e no qual o Filho de Deus escolhe Pedro como seu apóstolo.

A senha para a vida

Em sua meditação, o Pontífice compartilhou uma história de uma ocasião em que perguntou a um jovem o que mais o incomodava.

“‘Quando o celular fica sem bateria, ou quando perco o sinal da internet’. Perguntei-lhe: ‘E por quê?’ Responde-me: ‘É simples, padre! Porque perco tudo o que está a acontecer; fico fora do mundo, como que suspenso. Então saio a correr à procura de um carregador de baterias ou uma rede wi-fi e da senha para voltar a conectar-me’”.

Esta experiência, disse o Papa, o fez pensar que “nos pode acontecer o mesmo com a fé. Depois dum primeiro tempo de caminhada e de impulso inicial, há momentos em que, sem nos darmos conta, começa a reduzir-se a nossa ‘largura de banda’ e pouco a pouco vamos ficando sem conexão, sem bateria, e então apodera-se de nós o mau humor, sentimo-nos descoroçoados, tristes, sem força, e começamos a ver tudo negativo”.

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“Quando ficamos sem esta ‘conexão’ que dá vida aos nossos sonhos, o coração começa a perder força, a ficar também ele sem bateria e – como diz a canção (‘Aquí’, do conhecido grupo chileno La Ley) – ‘o rumor à nossa volta e a solidão da cidade isolam-nos de tudo. O mundo que gira às avessas procura submergir-me nele afogando as minhas ideias’”.

Francisco explicou que, “sem conexão, sem a conexão com Jesus, acabamos por afogar as nossas ideias, os nossos sonhos, a nossa fé e enchemo-nos de mau humor. E de protagonistas que somos e queremos ser, podemos chegar a pensar que tanto vale fazer algo como não o fazer. Ficamos desconectados do que está a acontecer no ‘mundo’. Começamos a sentir que ficamos ‘fora do mundo’, como me dizia aquele jovem. Preocupa-me quando muitos, ao perder o ‘sinal’, pensam que não têm nada para dar e ficam como que perdidos”.

Em seguida, o Papa disse a cada jovem: “Nunca penses que não tens nada para dar, ou que não precisas de ninguém. Nunca. Este pensamento, como gostava de dizer Hurtado,        é o conselho do diabo’, que quer fazer-te crer que não vales nada..., mas para deixar as coisas como estão. Somos todos necessários e importantes, todos temos algo para dar”.

O Papa também destacou uma regra de ouro de Santo Alberto Hurtado, uma “senha” essencial para enfrentar a vida, que era uma pergunta: “‘Que faria Cristo no meu lugar?’. Na escola, na universidade, pela estrada, em casa, com os amigos, no trabalho; face àqueles que fazem bullying: ‘Que faria Cristo no meu lugar?’. Quando saís para dançar, quando fazeis desporto ou ides ao estádio: ‘Que faria Cristo no meu lugar?’”.

Essa, disse “é a senha, a carga de bateria para acender o nosso coração, acender a fé e a centelha nos nossos olhos. Isto é ser protagonistas da história. Olhos cintilantes, porque descobrimos que Jesus é fonte de vida e alegria”.

Após recordar que os jovens devem ser protagonistas da história, o Papa os incentivou a sair “prontamente ao encontro dos vossos amigos, daqueles que não conheceis ou que atravessam um momento difícil”.

“Ide com a única promessa que temos: no meio do deserto, do caminho, da aventura, sempre haverá a ‘conexão’, sempre existirá um ‘carregador de baterias’. Não estaremos sozinhos. Sempre gozaremos da companhia de Jesus, de sua Mãe e de uma comunidade”.

Francisco disse ainda aos jovens que, “se não usam a senha, vão esquecê-la. Levem-na no coração. Repitam-na e usem-na. ‘Que faria Cristo no meu lugar?’”.

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“A única maneira de não se esquecer da senha é usá-la. Todos os dias. Chegará o momento em que a sabereis de memória, e virá o dia em que, sem vos dardes conta, o vosso coração palpitará como o de Jesus”.

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