Essa noite abriu-se oficialmente na Basílica romana de São João de Latrão, o processo de beatificação do Papa João Paulo II, com uma solene cerimônia em que se recordou a vida e legado do "Grande”.

No seu discurso, o Vigário de Roma, Cardeal Camillo Ruini, assegurou que é “unânime e universal o convencimento da santidade” do defunto Papa.

O Cardeal sintetizou o legado de João Paulo II através de “seu amor pela humanidade, que o levou a uma obra incansável para evitar as guerras e restabelecer a paz; para assegurar aos povos mais pobres, aos últimos da terra, uma esperança de vida e de desenvolvimento; para defender a dignidade da pessoa, desde sua concepção até sua morte natural”.

O Cardeal Ruini lembrou a vida do falecido Pontífice e destacou o impacto que na sua vida sacerdotal teve a Segunda guerra mundial, os duros anos do comunismo na Polônia e os ensinos de São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus.

O Vigário de Roma evocou as primeiras palavras de João Paulo II ao inaugurar seu pontificado: “Não tenham medo; abram de par em par as portas a Cristo”e o considerou “uma pessoa de grande profundidade espiritual”.

Do mesmo modo, precisou que até o último momento de sua vida, suas dores foram um testemunho para a humanidade sobre o significado cristão do sofrimento e a morte. “Por isso, os dias de suas exéquias foram para Roma e o mundo, dias de extraordinária unidade, de reconciliação, de abertura da alma a Deus”, adicionou.

A cerimônia

A cerimônia de abertura do processo começou com a reza das primeiras Vésperas da festividade de São Pedro e São Paulo, Padroeiros de Roma, que se celebra amanhã, seguido pelo juramento em latim do Cardeal Ruini, os juizes do tribunal e os notários.

Depois, o postulador da causa, o sacerdote Slawomir Oder, apresentou os papéis que lhe creditam como tal, os documentos que já recolheu sobre a figura do defunto Papa e a lista das pessoas às que terá que interrogar.

Após dessa sessão inaugural, em datas próximas se celebrará a primeira audiência, que será a porta fechada.

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O processo

O processo de beatificação se inaugurou na basílica romana e não no Vaticano, porque o Papa era também Bispo de Roma.

No passado 13 de maio, Bento XVI anunciou no curso de um encontro com o clero romano nessa mesma basílica a abertura da causa dispensando dos cinco anos de espera que devem transcorrer após da morte do Servo de Deus e o início do processo.

Segundo o Vatican Information Service, “o Tribunal diocesano de Roma é responsável pela primeira fase do processo (análise da vida e dos escritos do Servo de Deus, audiência às testemunhas). Se o veredicto for positivo, o sumário passará à Congregação para as Causas dos Santos, onde depois de um novo exame do material relativo à causa, se analisarão com a ajuda de médicos e peritos os favores extraordinários que poderiam ser milagres. Depois da certificação de um milagre, o Papa pode dispor a beatificação”.

O sítio oficial da causa de beatificação de João Paulo II é www.JohnPaulIIBeatification.org.

O postulador da causa, Dom Slawomir Oder, explicou que breve essa página "oferecerá espaço aos testemunhos sobre as graças recebidas, os encontros pessoais com  João Paulo II, assim como informação sobre as iniciativas dos fiéis para apoiar no mundo todo a causa de beatificação".

No sítio, em diversos idiomas, facilita-se também a oração aprovada pelo Vicariato de Roma para implorar favores por intercessão do Servo de Deus João Paulo II:

"Ó Trindade Santa, Vos damos graças por ter concedido à Igreja o Papa João Paulo II e porque nele refletistes a ternura de Vossa paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor. Ele, confiando totalmente na Vossa infinita misericórdia e na maternal intercessão da María, mostrou-nos uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, nos indicando a santidade, alto grau da vida cristã ordinária, como caminho para alcançar a comunhão eterna Convosco. Concedei-nos, por sua intercessão, e se for a vossa vontade, o favor que imploramos, com a esperança de que seja logo incluído no número de Vossos Santos. Amém".