Lisboa, 5 de fev de 2018 às 16:30
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) rechaçou nesta segunda-feira a proposta de legalização da eutanásia apresentada pelo Bloco de Esquerda no último sábado, 3 de fevereiro, ressaltando que isto “é um poder que inevitavelmente destrói a medicina”.
No projeto de lei que prevê a legalização da eutanásia em Portugal, o Bloco de Esquerda propõe ainda a inclusão de médicos em uma Comissão de Avaliação dos Processos de Antecipação da Morte.
Para a AMCP, “admitir que os médicos possam validar ou participar em uma decisão que provoca a morte, com objetivo de eliminar o sofrimento, é absolutamente inaceitável”.
“O médico não pode mudar de posição, não pode fazer tudo para melhorar a vida do doente e, em simultâneo, agir, a pedido do doente, no sentido de lhe tirar a vida, ajudando ao suicídio”, assinala a Associação em uma nota divulgada nesta segunda-feira, 5 de fevereiro.
A AMCP reforça que “os médicos não podem alternar entre serem uma referência profissional, amiga e confiável e serem os executantes de uma sentença de morte arbitrária”.
Nesse sentido, pontua que “não há qualquer legitimidade ética para se aprovar uma lei cuja aplicação criará uma desconfiança generalizada na relação médico-doente, isto porque, o poder de provocar ou antecipar a morte de alguém, ainda que a pedido do próprio, vai contra a própria medicina; é um poder que inevitavelmente destrói a medicina”.
“A medicina apoia a sua prática no diagnóstico e no tratamento das doenças, no alívio do sofrimento dos doentes, sempre com a finalidade de defesa da vida humana”, assinala a associação presidida pelo psiquiatra Pedro Afonso.
Dessa forma, ressalta que, “se admitirmos a eutanásia, a relação de confiança médico-doente, que assenta numa base de confiança que deve ser respeitada e que é a base da medicina, é destruída”.
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Para a AMCP, “nenhuma circunstância ou ideologia” pode apagar “a certeza de que a eutanásia – ou o suicídio assistido – não pode ser considerada um ato clínico”, pois “não se destina a aliviar ou a curar uma doença, mas sim a pôr termo à vida do paciente”.
Em março de 2017, a Associação de Médicos Católicos Portugueses já havia manifestado “sua absoluta oposição à prática da eutanásia”.
Na ocasião, defenderam que “a vida é um direito inviolável e irrenunciável” e que “ninguém deverá ter, seja em que circunstâncias for, o direito de ser morto”.
Como “médicos”, afirmaram querer “honrar e cumprir o nosso código deontológico”, que entendem “como garante do respeito pela vida humano desde o nascimento até à morte natural”.
Confira também:
O que a Igreja Católica ensina sobre a eutanásia? https://t.co/JVfGqgQkBt
— ACI Digital (@acidigital) 9 de janeiro de 2018