VATICANO, 11 de fev de 2018 às 08:00
O Cardeal norte-americano Kevin Farrel, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, vetou duas oradoras que iam participar de um evento no Vaticano sobre a mulher devido a suas posturas contrárias ao ensinamento católico e a favor do lobby LGBT.
Trata-se de Mary McAleese, ex-presidente da Irlanda, e Ssenfuka Juanita Warry, que dirige a organização LGBT Catholics in Uganda.
Segundo Chantal Gotz, fundadora e diretora de Voices of Faith (Vozes de Fé), a lista de oradoras requeria a aprovação do Cardeal Farrel. Quando o Purpurado devolveu a lista dos nomes aprovados, McAleese e Warry não estavam incluídas.
O evento Vozes de Fé aconteceu pela primeira vez em 2014 e, desde então, é promovido em março de cada ano na sede da Pontifícia Academia para as Ciências, a Casina Pio IV, que está no Vaticano.
O evento é intitulado “Why Women Matter” (Por que as mulheres importam) e acontecerá no dia 8 de março para coincidir com o Dia Internacional da Mulher.
Após a negativa do Cardeal Farrel para incluir McAleese e Warry, os organizadores do evento decidiram mudar a sede para um lugar fora do Vaticano, em vez de adequar a lista de oradores.
Em uma declaração em 2 de fevereiro, Vozes de Fé assinala que a ex-presidente da Irlanda “não é uma estranha para o Vaticano, tendo estado no comando como funcionária pública de um país predominantemente católico”.
McAleese, indica o texto da organização, “é conhecida por seu claro apoio aos direitos dos gays e das mulheres e falou publicamente e com frequência sobre suas frustrações com a fé católica”.
Em declarações à CNA – agência em inglês do grupo ACI – Chantal Gotz disse que ficou “surpresa” pela decisão do Cardeal Farrel, pois temas semelhantes não foram considerados um problema no passado.
A diretora de Vozes de Fé disse que, em oportunidades anteriores, já foram convidadas pessoas com posturas diferentes dos ensinamentos da Igreja em temas como aborto, anticoncepção e ordenação de mulheres.
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A conferência de marco, acrescentou Gotz, “permite-nos criar um debate e diálogo sobre o poder atual e as estruturas de liderança em nossa Igreja hoje”.
Sobre a mudança de sede para o evento, Gotz disse a CNA que “os jesuítas, de modo autêntico, nos receberam e aos nossos oradores”.
Em diferentes ocasiões, Mary McAleese defendeu o casamento de pessoas do mesmo sexo e acusou a Igreja Católica de “hipocrisia” por defender o casamento natural entre um homem e uma mulher.
McAleese também defendeu a ordenação sacerdotal de mulheres, em contravenção ao que São João Paulo II estabeleceu no documento Ordinatio Sacerdotalis, que sublinha que o ministério sacerdotal está destinado somente aos homens.
No voo de regresso de sua viagem a Suécia, o Papa Francisco recordou que, “sobre a ordenação de mulheres na Igreja Católica, a última palavra é clara e foi dada por São João Paulo II e isso permanece”.
A carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis foi escrita por São João Paulo II em 1994. Nela, é estabelecido que “a ordenação sacerdotal, pela qual se transmite a missão, que Cristo confiou aos seus Apóstolos, de ensinar, santificar e governar os fiéis, foi na Igreja Católica, desde o início e sempre, exclusivamente reservada aos homens”.
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— ACI Digital (@acidigital) 8 de março de 2017