O Papa Francisco defendeu os direitos das mulheres que trabalham como empregadas domésticas e perguntou: “Como os trata? Como pessoas ou como escravas? Pagas a elas o justo? Dás a elas as férias, é uma pessoa ou um animal que te ajuda em casa?”.

O Santo Padre fez esta defesa durante a Missa celebrada na Casa de Santa Marta nesta sexta-feira, 16 de fevereiro. “Pensem somente nisto: Como eu me comporto com a doméstica que tenho em casa, com as domésticas que estão em casa?”.

“Eu penso em tantas domésticas que ganham o pão com o seu trabalho: humilhadas, desprezadas... Nunca pude esquecer uma vez que fui à casa de um amigo quando criança. Vi a mãe dar um tapa na doméstica.  81 anos... Não esqueci aquilo. ‘Não padre, eu nunca dou um tapa’. Mas como as trata?”.

O jejum na Quaresma

Na homilia, o Santo Padre refletiu sobre o jejum na Quaresma. Recordou que o jejum é um dos deveres da Quaresma. “Se não puder fazer um jejum total, que faz sentir fome até os ossos, faça um jejum humilde, mas verdadeiro”, pediu Francisco.

Em sua homilia, falou sobre a Primeira Leitura do dia, do Livro de Isaías, a qual destaca que tipo de jejum o Senhor quer:

“Não jejuem mais como fazem hoje, de modo que se ouça o barulho. Acaso é este jejum que eu quero no dia que se humilha o homem? (...) Não será outro jejum que eu quero? Quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim romper todo tipo de sujeição”.

O Papa explicou que essas palavras rejeitam a atitude que leva a pensar: “nós somos católicos, somos praticantes; eu pertenço àquela associação, nós jejuamos sempre, fazemos penitência”.

Entretanto, “jejuam com coerência ou fazem a penitência incoerentemente como diz o Senhor, com barulho, para que todos vejam e digam: ‘Mas que pessoa justa, que homem justo, que mulher justa...’ Este é um disfarce; é maquiar a virtude”.

Diante desse disfarce que manipula o jejum, o Santo Padre pediu usar o “o disfarce do sorriso”, isto é, não mostrar que está fazendo penitência. “Procura a fome para ajudar os outros, mas sempre com o sorriso”.

O jejum que o Senhor quer, como recorda a Primeira Leitura, consiste em “partilhar o pão com o faminto, no acolher em casa os miseráveis, sem-teto, em vestir os nus, sem negligenciar os teus familiares”. E, finalmente, exortou “a fazer penitência, a sentir um pouco a fome, a rezar mais”.

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Por último, o Papa Francisco pediu coerência no jejum. “Se eu não posso fazer algo, não o faço. Mas não fazê-lo incoerentemente. Fazer somente aquilo que eu posso fazer, mas com coerência cristã”.

Leitura comentada pelo Papa Francisco:

Is 58,1-9a

Assim fala o Senhor Deus: 1Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. 2Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de Deus: 3“Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos?” — É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. 4É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas.

Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. 5Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor?

6Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? 7Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.

8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9aEntão invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”.

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