Após decreto de intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro, o Arcebispo Orani João Tempesta disse esperar que tal decisão “dê resultados” e convocou todos a rezar para que “isso aconteça”.

“Eu não sou técnico para saber o que é melhor e o que não é. Temos que aguardar os resultados para verificar se foi bom ou não”, declarou o Cardeal Tempesta em uma entrevista à ‘BBC Brasil’.

Segundo o Purpurado, o que se vê atualmente em relação à segurança no Brasil e, especificamente, no Rio de Janeiro é “uma guerra”, “com a quantidade de armas que estão por aqui e acolá e a quantidade de soldados (policiais militares) mortos a cada ano”.

“São situações que exigem que alguma coisa seja feita para ajudar a melhorar. Mas acho que só depois de um tempo poderemos ver os resultados”, assinalou.

O decreto que determina a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro foi assinado pelo presidente Michel Temer e pelo governador do estado, Luiz Fernando Pezão, na sexta-feira, 16 de fevereiro, e nesta semana foi aprovado após votações na Câmara dos Deputados e no Senado.

A intervenção durará até o dia 31 de dezembro deste ano e o general de Exército Walter Souza Braga Neto, do Comando Militar do Leste, é o interventor, passando a comandar a Secretaria de Segurança Pública, as Polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e o sistema carcerário fluminense.

O Cardeal Tempesta recordou à ‘BBC’ que este tipo de intervenção “é algo que nunca vimos antes”. “O Exército já esteve presente em ações como a ocupação da Maré e ultimamente da Rocinha (em operações sob decretos de Garantia de Lei e da Ordem)”, afirmou, ressaltando que “foram momentos em que aqueles espaços passaram a ter certa presença das Forças Armadas, mas agora é diferente”.

“Não vai ser um momento de vir e invadir, e sim uma intervenção na organização das próprias Polícias Civil e Militar. Esperamos que traga resultados. Vamos rezar para que isso aconteça”, expressou.

O próprio Cardeal Orani Tempesta já foi vítima da violência no Rio de Janeiro em algumas ocasiões, tendo sido assaltado duas vezes – uma das quais teve uma arma apontada para sua cabeça – e presenciado um tiroteio na rua, quando precisou se esconder atrás do carro.

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“Aquilo que eu vi não me despertou raiva das pessoas, mas sim uma sensação de obrigação de trabalhar mais pela paz, mais pelas pessoas, pelos jovens, pelos adolescentes. Uma responsabilidade aumentada”, assinalou.

Mas, observou também o crescimento da violência no estado e expressou que, “infelizmente, a situação chegou a um absurdo tal que as pessoas estão com medo de sair de casa, preocupadas de voltar”.

“O aumento da criminalidade e violência deve fazer com que toda a sociedade se repense. Não é esse país, não é esse Estado, não é essa cidade que nós desejamos ou sonhamos em ter”, indicou o Arcebispo, ressaltando que o desejo “compartilhado por todos” é por segurança, emprego e educação de qualidade.

“Desejamos que as autoridades cumpram a sua missão e que cada cidadão ajude fazendo a sua parte”, acrescentou e reforçou que “os governantes precisam ser responsáveis por aquilo que assumiram”, isto é, “cuidar bem do povo, pensar no bem da sociedade para conduzir suas ações”.

“O momento é de crise, mas não podemos desanimar. Sabemos que os problemas existem, temos os pés na terra, mas ao mesmo tempo sabemos que existem soluções. Temos que fazer parte da solução”, concluiu.

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