O Papa Francisco pede aos jovens que não tenham medo diante da tomada de decisões importantes na vida, como pode ser a da vocação, e os convida a não se fechar aos outros e permanecer diante as telas dos smartphones.

Na Mensagem para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a ser celebrada em nível diocesano em 25 de março, Domingo de Ramos, o Papa também menciona que, para os cristãos, “o medo nunca deve ter a última palavra”.

A próxima JMJ internacional será, entretanto, em janeiro de 2019 no Panamá, e o próprio Pontífice assegura que esta Mensagem também é um “passo a mais na preparação da jornada internacional”.

O texto está dividido em 4 pontos: “Não temas!”, “Maria”, “Achaste graça diante de Deus” e “Coragem no presente”, separando assim o lema desta Jornada “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus”.

Recordando o Evangelho da Anunciação, Francisco assegura que Deus “conhece bem os desafios que devemos enfrentar na vida, sobretudo quando nos deparamos com as opções fundamentais de que depende o que seremos e faremos neste mundo”.

“E vós, jovens, quais são os medos que tendes? Que é que vos preocupa mais profundamente?”, pergunta o Papa.

O Santo Padre reconhece que os jovens “têm um medo de ‘fundo’, que é o medo de não ser amados, bem-queridos, de não ser aceitos por aquilo que sois”. “Hoje, há muitos jovens que, na tentativa de se adequar a padrões frequentemente artificiais e inatingíveis, têm a sensação de dever ser diferentes daquilo que são na realidade”.

Como fez durante a sua visita apostólica ao Peru em janeiro deste ano, afirmou que estes jovens “fazem contínuos ‘foto-retoques’ das imagens próprias, escondendo-se por trás de máscaras e identidades falsas, até chegarem quase a tornar-se eles mesmos um ‘fake’”.

Ao mesmo tempo, “muitos têm a obsessão de receber o maior número possível de apreciações ‘gosto’. E desta sensação de desajustamento, surgem muitos medos e incertezas”.

“Outros temem não conseguir encontrar uma segurança afetiva e ficar sozinhos. Em muitos, à vista da precariedade do trabalho, entra o medo de não conseguirem encontrar uma conveniente afirmação profissional, de não verem realizados os seus sonhos”.

O Papa também menciona o tema vocacional e admite que esses medos também acontecem “com as pessoas que acolheram o dom da fé e procuram seriamente a sua vocação, por certo não estão isentos de medos”. “Alguns pensam: talvez Deus me peça ou virá a pedir demais; talvez, ao percorrer a estrada que Ele me aponta, não seja verdadeiramente feliz, ou não esteja à altura do que me pede. Outros interrogam-se: Se seguir o caminho que Deus me indica, quem me garante que conseguirei percorrê-lo até ao fim? Desanimarei? Perderei o entusiasmo? Serei capaz de perseverar a vida inteira?”.

Diante destas dúvidas, o Bispo de Roma recomenda procurar “o discernimento”, porque “nos permite  pôr ordem na confusão dos nossos pensamentos e sentimentos, para agir de maneira justa e prudente”.

“Neste processo, o primeiro passo para superar os medos é identificá-los claramente, para não acabar desperdiçando tempo e energias a braços com fantasmas sem rosto nem consistência”.

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O Papa convida então “a olhar para dentro de você” e “dar um nome aos seus medos”. “Pergunte a si mesmo: hoje, em minha situação concreta, o que me angustiam? O que mais tenho medo? O que está me bloqueando e me impedindo de avançar? Por que não tenho a coragem de tomar as decisões importantes que devo tomar? Não tenha medo de olhar com sinceridade com seus medos, reconhecê-los com realismo e enfrentá-los”, diz ele.

Além disso, sublinha que “de modo particular para nós, cristãos, o medo nunca deve ter a última palavra, mas ser ocasião para realizar um ato de fé em Deus... e também na vida”.

“Se, em vez disso, alimentarmos os medos, tenderemos a fechar-nos em nós próprios, a barricar-nos para nos defendermos de tudo e de todos, ficando como que paralisados”, denúncia.

O Papa escreve, inclusive, que, “na Sagrada Escritura, encontramos 365 vezes a expressão ‘não temer’, nas suas múltiplas variações, como se dissesse que o Senhor nos quer livres do medo todos os dias do ano”.

“O discernimento torna-se indispensável quando se trata da busca da própria vocação. Pois esta, na maioria das vezes, não aparece logo clara ou completamente evidente, mas vai-se identificando pouco a pouco. O discernimento, que se deve fazer neste caso, não há de ser entendido como um esforço individual de introspecção, cujo objetivo seria conhecer melhor os nossos mecanismos interiores para nos fortalecermos e alcançarmos certo equilíbrio” acrescenta.

Ele também aponta que “a vocação é uma chamada do Alto e, neste caso, o discernimento consiste, sobretudo em abrir-se ao Outro que chama. Portanto, é necessário o silêncio da oração para escutar a voz de Deus que ressoa na consciência”.

Entretanto, o Santo Padre menciona a importância do “diálogo com os outros, nossos irmãos e irmãs na fé, que têm mais experiência e nos ajudam a ver melhor e a escolher entre as várias opções”.

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 “Nunca percais o prazer de gozar do encontro, da amizade, o prazer de sonhar juntos, de caminhar com os outros. Os cristãos autênticos não têm medo de se abrir aos outros, de compartilhar os seus espaços vitais transformando-os em espaços de fraternidade”, manifestou Francisco.

Ao concluir, faz um apelo para que os jovens não deixem “que os fulgores da juventude se apaguem na escuridão de uma sala fechada, onde a única janela para olhar o mundo seja a do computador e do smartphone”.

“Abri de par em par as portas da vossa vida! Os vossos espaços e tempos sejam habitados por pessoas concretas, relações profundas, que vos deem a possibilidade de compartilhar experiências autênticas e reais no vosso dia a dia”.

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