PEQUIM, 5 de abr de 2018 às 19:00
Um funcionário do governo da China, responsável pelos assuntos religiosos, afirmou que as restrições impostas pelo regime para a nomeação dos bispos católicos não são uma violação da liberdade religiosa e acrescentou que as religiões no país asiático devem “se adaptar à sociedade socialista”.
Chen Zongrong, ex-diretor do Escritório para Assuntos Religiosos, participou de uma coletiva de imprensa na terça-feira, 3 de abril, para apresentar o “documento branco” sobre “a política chinesa em relação à prática e à proteção da liberdade religiosa”.
Segundo informações da AP, Zongrong disse que “não concorda com a visão que considera que impedir que Roma tenha o controle total sobre a seleção dos bispos viola a liberdade religiosa”. “Acho que não há religião na sociedade humana que transcenda as nações”, acrescentou.
“A Constituição chinesa estabelece claramente que os grupos e assuntos religiosos na China não podem ser controlados por forças externas e estas não devem interferir nos assuntos religiosos chineses de jeito nenhum”, destacou.
O “documento branco” assinala, entre outras coisas, que “o guia ativo das religiões para se adaptar à sociedade socialista significa guiar os crentes a (...) estar subordinados e a servir os interesses gerais da nação e do povo chinês”, e “guiar os grupos religiosos para apoiar a liderança do Partido Comunista da China e do sistema socialista”.
A expressão “guia ativo” é um lema do presidente chinês, Xi Jinping, cujo regime encoraja a “chinização” ou “sinização” da religião.
As declarações de Chen Zongrong foram feitas depois que o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, assinalou em 29 de março: “Posso assegurar que não há nenhuma assinatura ‘iminente’ de um acordo entre a Santa Sé e República Popular da China”.
As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.
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Entretanto, desde a década de 1980, as nomeações foram feitas em conjunto, embora o governo não tenha deixado de nomear bispos sem a aprovação do Vaticano.
O resultado foi uma relação cada vez mais tensa entre a Associação Patriótica Comunista Chinesa (Igreja “oficial” e fiel ao governo) e a chamada Igreja clandestina ou subterrânea, que inclui os bispos legítimos e sacerdotes que permanecem fiéis ao Papa e são permanentemente assediados pelas autoridades.
Como parte do acordo entre a Igreja e a China, o regime comunista espera que o Vaticano reconheça oficialmente sete bispos que não estão em comunhão com Roma.
O acordo seria semelhante ao do Vaticano com o Vietnã, no qual a Santa Sé propõe três nomes para que o governo escolha um deles.
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— ACI Digital (@acidigital) 29 de março de 2018