APARECIDA, 13 de abr de 2018 às 15:07
Em resposta a uma pergunta durante a primeira coletiva de imprensa da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP), o presidente da Comissão Episcopal Pastoral de Liturgia, Dom Armando Bucciol, falou sobre o caso de abusos litúrgicos e asseverou que na liturgia não se trata de usar a “criatividade” mas ser fiéis à tradição da Igreja.
Dom Armando, que também é bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), alertou para o fato de que “nem todas as manifestações litúrgicas são autenticas”. “Somos ministros do altar para que Cristo cresça e não o padre que celebra, dentro dessa essencial análise, a comissão é chamada a orientar, corrigir, mas sempre com profundo respeito. Quando se enfeita demais a liturgia ela perde a beleza”, afirmou o prelado na coletiva que reuniu diversos meios de comunicação.
Segundo o bispo presidente da comissão da CNBB para a liturgia, “antes de tudo, o que mais se precisa a respeito da liturgia é entender seu sentido teológico e espiritual para torna-la momento forte, marcante e transformador na vida do cristão”. “Bastar viver com intensidade e autenticidade a nobre beleza do rito liturgia latina que nós celebramos”, completou.
Respondendo a uma pergunta sobre missas em que o sacerdote não segue exatamente o missal, mas opta por outras orações, Dom Armando subiu o tom e fez uma crítica a esta atitude.
“Ninguém na Igreja é dono da liturgia. Eu não sou dono, sou servidor. Também o Papa é servidor da Igreja, o primeiro. E, portanto, eu não posso manipular a liturgia ao meu bel prazer... segundo o que eu chamo de “criatividade selvagem e fantasia”, asseverou.
“A liturgia é obra do Espírito e da Igreja ao longo dos séculos (...) Às vezes, se confundem as coisas, não se conhece a história, nem as raízes nem as razões de cada gesto e de cada rito. Portanto, um padre, ou também um bispo, que fora das competências reconhecidas pela Igreja manipula ao seu bel prazer (a liturgia), está traindo”, afirmou ainda o prelado em sua resposta.
Se bem o bispo reconhece que a “força do Espírito” pode superar qualquer norma, ele recorda que manipular a liturgia “empobrece e confunde”. “Eu pessoalmente, também nós como comissão, como bispos em geral, várias vezes chamamos a atenção para que isso não aconteça”, acrescentou.
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“Eu devo me colocar não para, desculpem, “seduzir” mas “conduzir”. “Seduzir” é chamar a atenção sobre si, e não apontar para aquele que é o único digno de louvor e glória, que é Deus, por meio de Cristo no Espírito, na liturgia da Igreja”, afirmou o bispo em uma reflexão sobre o ministério sacerdotal como posição de serviço em fidelidade à tradição da Igreja.
Portanto, concluiu, Dom Armando, “eu tenho minhas ressalvas e eu espero que pouco a pouco, todos os padres que manipulam a liturgia com a “criatividade selvagem”, compreendam que não é por aí que se evangeliza. Há inúmeros espaços na liturgia da Igreja para a criatividade sóbria, fecunda e profunda, eu penso que uma pessoa que compreende de dentro e vive de dentro da liturgia aquilo que celebra (...) com certeza transmitirá aos que participam, e todos somos participantes, uma força transformadora que ilumina, que consola e que fecunda a vida. É por aí que devemos caminhar”.
A Comissão para a liturgia apresentará para os mais de 400 bispos da Assembleia uma reflexão sobre Liturgia e Evangelização no contexto do tema central do evento que é a Formação dos Presbíteros.
A 56ª. Assembleia Geral dos bispos do Brasil ocorre até o dia 20 deste mês e após a sua realização, será enviado um documento ao Vaticano para que sejam aprovadas diretrizes formuladas pelos prelados brasileiros para a formação do clero no Brasil.
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— ACI Digital (@acidigital) 6 de abril de 2018