HIROSHIMA, 21 de abr de 2018 às 11:00
As autoridades da cidade chinesa de Henan divulgaram um comunicado no qual alertam aos católicos de que os seus lugares de culto serão fechados se não obedecerem às normas referentes aos temas religiosos.
Segundo informa UCAnews.com, nos últimos meses aumentou a pressão das autoridades contra os católicos em Henan, com a retirada de cruzes das igrejas, a proibição dos menores de entrar nos templos, o fechamento de centros educativos pré-escolares administrados pela Igreja, e inclusive a expulsão das crianças enquanto participavam da Missa.
A Associação Católica Patriótica Chinesa de Henan e a Comissão Católica de Administração de Henan, instituições controladas pelo Governo, publicaram um comunicado pedindo aos fiéis que assumissem as novas normas “com seriedade”.
O texto exige seguir “o princípio da separação entre a religião e a educação”, assim como as normas sobre temas religiosos.
“Anteriormente, tudo isso era apenas propaganda e formação, mas agora há uma linha vermelha, uma linha de pressão, então é necessário assumi-la seriamente”, indica o comunicado.
Entre as medidas que já foram tomadas contra os católicos, está a expulsão de crianças da Missa de Páscoa no dia 1º de abril, em uma igreja da Diocese de Zhengzhou.
Um católico disse à UCAnews que as autoridades também bloquearam a entrada de menores nas igrejas das dioceses de Shangqiu e Anyang. “Não sabemos o que acontecerá depois”, acrescentou.
Do mesmo modo, duas escolas de ensino fundamental enviaram uma carta aos pais de família assinalando que “ninguém pode usar a religião para provocar desordem social, prejudicar os cidadãos ou atentar contra o sistema de educação nacional”.
A carta explica que “é uma ofensa o fato de que qualquer organização ou indivíduo oriente, apoie ou permita que os menores acreditem nas religiões ou que participem das atividades religiosas”.
O texto assinala que “para que o Estado possa fazer com que os alunos construam uma sociedade socialista”, nenhuma organização pode fazer propaganda ou gerar atividades religiosas, só se forem aprovadas pelo Governo. Nesse caso, explica a carta, os alunos não podem levar os seus colegas ou amigos.
Além disso, exigiram que expliquem a carta aos alunos, que deveriam escrever nela os seus nomes, os nomes de seus professores, assim como o lugar e a hora onde ouviram a explicação.
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Um sacerdote chamado John, disse ao UCAnews.com que as medidas tomadas com os menores e a retirada das cruzes na cidade de Henan são projetos-piloto liderados pelas instituições nacionais. “Se estas medidas forem bem-sucedidas em Henan, poderão ser implementadas em outras cidades”, lamentou.
Estas medidas em Henan ocorrem enquanto a China e o Vaticano estão negociando um acordo para a nomeação dos bispos no país asiático.
Entretanto, no último dia 29 de março, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, assinalou: “Posso assegurar que não há nenhuma assinatura ‘iminente’ de um acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China”.
As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.
Entretanto, desde a década de 1980, as nomeações foram feitas em conjunto, embora o governo não tenha deixado de nomear bispos sem a aprovação do Vaticano.
O resultado foi uma relação cada vez mais tensa entre a Associação Patriótica Comunista Chinesa (Igreja “oficial” e fiel ao governo) e a chamada Igreja “clandestina”, que inclui os bispos legítimos e sacerdotes que permanecem fiéis ao Papa e são perseguidos pelas autoridades.
Como parte do acordo entre a Igreja e a China, espera-se que o Vaticano reconheça oficialmente sete bispos que não estão em comunhão com Roma,
De acordo com algumas fontes, o acordo seria semelhante ao do Vaticano com o Vietnã, no qual a Santa Sé propõe três nomes para que o governo escolha um deles.
Confira também:
Vaticano: Papa está bem informado sobre a Igreja Católica na China https://t.co/ddf7HYA6vu
— ACI Digital (@acidigital) 31 de janeiro de 2018