O Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran, realizou recentemente uma visita histórica à Arábia Saudita, onde pediu para que os não muçulmanos e cristãos sejam bem tratados e que “estes não sejam considerados cidadãos de ‘segunda classe”’.

O Cardeal Tauran visitou Riad, capital da Arábia Saudita, entre os dias 13 e 20 de abril. Tratou-se um evento considerado histórico por ser a primeira vez que um chefe de um dicastério do Vaticano visitou o país muçulmano; e em cujo território estão localizadas Meca e Medina, os dois lugares sagrados do Islã.

Em entrevista a Vatican News, em 24 de abril, o Cardeal contou sobre a sua visita à monarquia muçulmana e seus encontros com as autoridades.

“Acredito que todas as religiões se encontram diante de dois perigos: o terrorismo e a ignorância. O futuro está na educação, não há outros meios. E durante meus encontros insisti muito sobre este ponto: para que nas escolas se fale bem dos cristãos, dos não muçulmanos e que estes não sejam considerados cidadãos de ‘segunda classe’”, assinalou.

Na Arábia Saudita, o Cardeal encontrou várias autoridades, como o rei Salman bin Abdulaziz; e o secretário da Liga Muçulmana Mundial, Mohammed bin Abdul Karim al-Isa.

Neste último encontro, informou o semanário católico ‘Alfa e Omega’, o Purpurado expressou a sua preocupação pelas restrições que a Igreja sofre em relação à liberdade religiosa e, por isso, pediu para que estabeleçam “regras comuns para a construção de lugares de culto” e que todos os credos sejam tratados desta maneira.

Segundo Vatican News, na Arábia Saudita, o Cardeal presidiu uma Missa para alguns membros da pequena comunidade católica no país, na qual considerou “como graça, o diálogo inter-religioso praticado na vida cotidiana: todos experimentamos o fato de devermos nos confrontar com as mesmas provas e assim, como crentes, somos chamados a ser obedientes a Deus e a construir a paz lá onde vivemos e trabalhamos”.

A partir disso, convidou “a defender sempre a dignidade da pessoa humana e tutelar a liberdade religiosa para que, com o auxílio do Papa, seja sempre cada vez mais uma realidade”.

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Em entrevista ao Vatican News na terça-feira, 24, o Cardeal destacou a intenção das autoridades de mostrar que na Arábia Saudita há a possibilidade de discussão e, portanto de “mudar a imagem do país”.

Sobre a audiência com o rei, o Cardeal francês sublinhou que “é a primeira vez, desde que me dedico a esta região, que vejo uma abertura midiática tão ampla e ao mesmo tempo, diria, tão equilibrada”. No dia da sua chegada à Arábia Saudita, disse que “oito jornais em árabe colocaram a minha visita como manchete”.

O Cardeal manifestou sua esperança de que a educação dos jovens ajude a mudar a mentalidade do país. “Tudo o que fizermos deverá ser concreto: palavras e textos já temos em demasia. Deve-se sentir que alguma coisa está acontecendo”, indicou.

“Os muçulmanos e os cristãos são capazes de se ouvir, olhar-se, trabalhar e construir algo juntos. O mundo muda, a história demonstra isso. Portanto, se isso foi possível nos séculos anteriores, por que não pode ser também agora?”, questionou.

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