BERLIM, 8 de mai de 2018 às 12:00
O Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, assinalou que o “resultado possivelmente unânime” pedido pelo Vaticano aos bispos alemães sobre a proposta de dar a Comunhão aos protestantes casados ??com católicos não pode contradizer a fé católica.
“Não é possível que algumas conferências de bispos tomem uma decisão unânime que contradiz elementos básicos da Igreja Católica. Devemos resistir”, afirmou o Cardeal alemão.
Assim indicou o Purpurado em entrevista concedida à EWTN Notícias, após a reunião no dia 3 de maio com uma delegação de bispos alemães, presidida pelo Cardeal Reinhard Marx, e algumas autoridades do Vaticano, lideradas pelo atual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Luis Ladaria, para discutir a proposta do Episcopado alemão de dar a Comunhão aos protestantes casados ??com católicos.
A proposta surgiu depois da assembleia plenária do Episcopado alemão, realizada entre os dias 19 e 22 de fevereiro de 2018. Entretanto, um grupo de sete bispos alemães escreveu ao Vaticano perguntando se essa decisão poderia ser tomada por uma conferência episcopal ou se é necessária uma decisão da Igreja universal.
Logo depois da reunião no Vaticano, a Sala de Imprensa da Santa Sé informou que Dom Luis Ladaria “informou que o Papa Francisco aprecia o empenho ecumênico dos bispos alemães e pede a eles que encontrem, em espírito de comunhão eclesial, um resultado possivelmente unânime”.
Nesse sentido, o Cardeal Müller disse que “é possível chegar a uma posição unânime baseados na fé católica. Não se pode separar a fé católica de um entendimento unânime. Se houvesse tal separação, teríamos então um cisma na Igreja Católica”.
Para o Purpurado, os bispos alemães devem tomar uma decisão baseados na “única doutrina, na única palavra de Deu. Não podemos separar a verdade da fé”.
Em seguida, falando sobre a Comunhão eucarística, o Prefeito Emérito explicou que os protestantes e os luteranos na Alemanha consideram que “somente através da fé somos justificados e que os sacramentos são expressões secundárias, ajudas psicológicas para nos aproximar da fé pessoal, da confiança em Deus”.
“Há uma grande diferença, porque, para a fé católica, os sacramentos são uma condição plena para confessar a fé e, se somos católicos, a Comunhão sacramental é a condição para a graça e não estar separados de Deus”, continuou.
Com os sacramentos, “estamos perto de Deus. Sem eles, é necessário reconciliar-se com Deus e com a Igreja através da confissão. E assim podemos receber proveitosamente a Santa Comunhão recebida; que não é apenas algo que se recebe na boca para ter bons sentimentos. Jesus Cristo não morreu sozinho para que tenhamos bons sentimentos”, destacou o Cardeal.
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Segundo o Prefeito Emérito “os sacramentos não podem ser objeto de disputas políticas ou jogos para nos tornar grandes amigos da mídia que não entendem nada da fé católica. Eles se alegram se nos reduzimos apenas a uma instituição de rituais, mas nós entendemos que a Igreja foi fundada por Jesus Cristo como um instrumento de salvação para todos”.
“Não podemos manipular a verdade e a graça dos santos sacramentos”, sublinhou.
Sobre o papel das conferências episcopais, o Cardeal Müller disse que não podem ser superestimadas e explicou que “não somos, como Igreja Católica, uma associação de igrejas nacionais. O presidente de uma conferência episcopal não é como um segundo Papa”.
“As Conferências Episcopais são instituições para fins práticos e não têm a mesma importância para a fé como o Papa como Sucessor de São Pedro. Por isso, temos que impedir este desenvolvimento equivocado de independência das Igrejas nacionais. Isso é muito perigoso”.
Sobre o tema da Comunhão para protestantes, o Cardeal Müller destacou que “precisamos de mais clareza, mais verdade com os princípios católicos. Não podemos nos envergonhar de ser católicos. Devemos ser muito claros em nossa posição que não é contra ninguém, mas defende a nossa identidade da fé católica”.
“Não podemos administrar ou governar a Igreja somente com diplomacia ou política e com todos estes jogos que estão fazendo. Devemos confessar a fé católica. São Pedro foi o primeiro que disse, o primeiro e por todos: Tu és Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. Esse é o centro da Igreja”.
Depois de expressar o seu desejo de que “mais bispos levantem suas vozes e façam o que deveriam fazer”, o Cardeal Müller sublinhou que todos os sucessores dos apóstolos devem “defender a fé católica e não seus próprios pontos de vista”.
Confira também:
Bispos alemães e autoridades vaticanas dialogam sobre Comunhão para protestantes https://t.co/UbEmKV6XNk
— ACI Digital (@acidigital) 5 de maio de 2018