Roma, 16 de mai de 2018 às 07:00
O Patriarcado Caldeu da Babilônia, anunciou em 12 de maio que a Santa Sé emitiu o “Nihil Obstat” (Nada impede) para iniciar a causa de beatificação do Pe. Ragheed Ganni e outros três diáconos que foram assassinados por extremistas muçulmanos em uma igreja no Iraque em 2007.
Através de uma carta do dia 1º de março de 2018, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, e o secretário deste dicastério, Dom Marcello Bartolucci, afirmaram que depois de estudar os relatórios correspondentes, “não há nenhum obstáculo para a beatificação e a declaração dos servos de Deus: Pe. Ragheed Aziz Ganni, sacerdote da Arquieparquia de Mossul; e seus três diáconos”.
Os três diáconos são Hanna Esho, Ghassan Essam Bideauiv e Basman Yousef Daoud.
A carta indica que o pedido para abrir a causa foi feito em 4 de novembro de 2017 pelo Bispo da Eparquía Caldeia de São Tomé Apóstolo, em Detroit (Estados Unidos), Dom Frank Yohana Kalabat.
A agência vaticana Fides explicou que, “com as autorizações necessárias da Santa Sé, a jurisdição da causa” foi transferida à Eparquía Caldeia de São Tomé Apóstolo, em Detroit, devido à “instabilidade das regiões norte-iraquiana e a situação difícil onde está a Arquieparquia Caldeia de Mossul, depois dos anos de ocupação jihadista”.
Os terroristas do Estado Islâmico foram expulsos de Mosul, em julho de 2017, depois de permanecerem na cidade durante três anos e esta circunstância tornava “difícil realizar um processo de canonização no local, respeitando os procedimentos necessários, inclusive em relação aos testemunhos”.
A agência Fides indicou que a causa para declarar beatos o Pe. Ganni e os três diáconos será apresentada como martírio por ódio à fé e, por isso, deve-se “verificar e certificar” que os quatro “foram massacrados pelos seus torturadores por causa da sua fé em Cristo”.
“Como posso fechar a casa de Deus?”
Segundo informações da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Pe. Ganni nasceu em 1972 na aldeia de Karamlesh, localizada na Planície de Nínive (Iraque).
Em 1996, viajou a Roma para estudar teologia ecumênica na Universidade Santo Tomás de Aquino, graças a uma bolsa de estudos proporcionada pela ACN.
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Quando terminou seus estudos em 2003, o seu país estava em guerra pela invasão dos Estados Unidos. Apesar do perigo, decidiu voltar à sua terra natal.
No Iraque, Pe. Ganni serviu como secretário do Arcebispo de Mossul, Dom Paulos Faraj Rahho – assassinado por jihadistas em 2008 –, e como pároco da Igreja do Espírito Santo.
Sempre sofria ameaças de morte dos extremistas muçulmanos e testemunhou a crueldade e a violência deles com os cristãos iraquianos. Em 2004, Pe. Ganni se salvou milagrosamente de um atentado na Arquidiocese de Mossul.
O sacerdote descreveu que era difícil servir a Deus “no Iraque, onde a cada dia a violência e o ‘terrorismo’ privam dezenas de seres humanos de suas vidas”.
O martírio do sacerdote de 34 anos foi narrado no livro “Um sacerdote católico no Estado Islâmico. A história de Pe. Ragheed Ganni”, escrito por seu amigo Pe. Rebwar Audish Basa, sacerdote iraquiano.
O texto foi apresentado em junho de 2017 pela Fundação ACN em Roma para comemorar o décimo aniversário do assassinato de Pe. Ganni ,em Mossul.
Assinala que em 3 junho de 2007, um dos extremistas disse ao Pe. Ragheed: “Pedi para que fechasse a Igreja. Por que não a fechou?”. O sacerdote respondeu: “Eu não posso fechar a casa de Deus”. Então, seu assassino atirou no sacerdote e nos três diáconos.
Depois da morte do sacerdote e dos três diáconos, o Papa Bento XVI enviou um telegrama de condolências a Dom Paul Faraj Rahho, através do qual assegurou que rezava “para que o sacrifício custoso inspire os corações dos homens e das mulheres de boa vontade a decisão renovada para rechaçar os caminhos do ódio e da violência, para vencer o mal com o bem (Rom 12,21) e colaborar para promover a reconciliação, a justiça e a paz no Iraque”.
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— ACI Digital (@acidigital) 19 de maio de 2017