O Papa Francisco advertiu contra os “líderes” que tentam manipular os povos e convertê-los em “massa”, através da construção de uma “falsa unidade” usada para fins particulares.

Na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta na manhã de hoje, o Santo Padre destacou a necessidade de trabalhar pela unidade, porque “quando nós na vida, na Igreja ou na sociedade civil trabalhamos pela unidade, estamos no caminho que Jesus traçou”.

Entretanto, advertiu contra a “falsa unidade”, como aquela dos acusadores de São Paulo na Primeira Leitura do dia, dos Atos dos Apóstolos. Inicialmente, eles se apresentam como um bloco único para acusá-lo.

Mas Paulo, com a sabedoria do Espírito Santo, lançou a “pedra da divisão” assegurando que estava sendo julgado “pela esperança da ressurreição dos mortos”, o que provocou a divisão da assembleia que o julgava entre os fariseus e saduceus, pois eles não acreditavam na ressurreição.

Nos Atos dos Apóstolos, também se vê outras ocasiões em que São Paulo sofre perseguições por parte do povo, que grita sem nem mesmo saber o que está dizendo, e só repetem o que “os dirigentes” sugerem.

“Esta instrumentalização do povo – explicou Francisco – é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje”.

Nesse sentido, o Pontífice sugeriu pensar como “no Domingo de Ramos todos aplaudiram Jesus: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor!’. E as mesmas pessoas, na sexta-feira seguinte, gritaram: ‘Crucifica-o!’. O que aconteceu?”, perguntou-se o Papa.

“Fizeram uma lavagem cerebral e mudaram as coisas. E transformaram o povo em massa, que destrói”.

Este método, “criar condições obscuras para condenar a pessoa”, é o que rompe a unidade. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estêvão e todos os mártires.

Além disso, o Papa assinalou que também é um método utilizado hoje “na vida civil, na vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado”: “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”.

Do mesmo modo, advertiu que, “de maneira mais concreta, acontece o mesmo também nas nossas comunidades paroquiais, por exemplo, quando dois ou três começam a criticar o outro. E começam a falar mal daquele outro… E fazem uma falsa unidade para condená-lo; sentem-se seguros e o condenam”.

“Condenam mentalmente o outro. Depois se separam e falam mal um contra o outro, porque estão divididos. Por isso a fofoca é uma atitude assassina, porque mata, exclui as pessoas, destrói a ‘reputação’ das pessoas”.

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Pelo contrário, convidou a pensar “na grande vocação à qual fomos chamados: a unidade com Jesus, o Pai”.

“E este caminho devemos seguir, homens e mulheres que se unem e buscam sempre prosseguir no caminho da unidade. E não as falsas unidades, que não têm substância, e servem somente para dar um passo a mais e condenar as pessoas, e levar avante interesses que não são os nossos: interesses do príncipe deste mundo, que é a destruição”.

O Papa terminou a sua homilia pedindo “que o Senhor nos dê a graça de caminhar sempre na estrada da verdadeira unidade”.

Leitura comentada pelo Papa Francisco:

At 22,30;23,6-11

Naqueles dias, 30querendo saber com certeza por que Paulo estava sendo acusado pelos judeus, o tribuno soltou-o e mandou reunir os chefes dos sacerdotes e todo o conselho dos anciãos. Depois fez trazer Paulo e colocou-o diante deles.

23,6Sabendo que uma parte dos presentes eram saduceus e a outra parte eram fariseus, Paulo exclamou no conselho dos anciãos: “Irmãos, eu sou fariseu e filho de fariseus. Estou sendo julgado por causa da nossa esperança na ressurreição dos mortos”. 7Apenas falou isso, armou-se um conflito entre fariseus e saduceus, e a assembleia se dividiu.

8Com efeito, os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito, enquanto os fariseus sustentam uma coisa e outra. 9Houve, então, uma enorme gritaria. Alguns doutores da Lei, do partido dos fariseus, levantaram-se e começaram a protestar, dizendo: “Não encontramos nenhum mal neste homem. E se um espírito ou anjo tivesse falado com ele?”

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10E o conflito crescia cada vez mais. Receando que Paulo fosse despedaçado por eles, o comandante ordenou que os soldados descessem e o tirassem do meio deles, levando-o de novo para o quartel. 11Na noite seguinte, o Senhor aproximou-se de Paulo e lhe disse: “Tem confiança. Assim como tu deste testemunho de mim em Jerusalém, é preciso que tu sejas também minha testemunha em Roma”.

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