Lisboa, 29 de mai de 2018 às 15:56
Quatro projetos de lei que propunham a despenalização da eutanásia em Portugal foram discutidos e rejeitados pelo Parlamento nesta quarta-feira, resultado que foi elogiado por Bispos portugueses.
A maioria dos 229 deputados presentes na Assembleia votou contra os projetos apresentados pelos partidos PS, BE, PAN e PEV.
Entre estes, a proposta do PS obteve 115 votos contra, 110 a favor e 4 abstenções. Por sua vez, o projeto do PAN contou com 116 votos contra, 102 a favor e 11 abstenções. Já os diplomas do BE e do PEV receberam, cada um, 117 votos contra, 104 a favor e 8 abstenções.
Conforme ressaltou a Agência Ecclesia, do episcopado português, durante o debate prévio, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, defendeu que a despenalização da eutanásia deveria ser remetida para depois das próximas eleições legislativas, alegando “falta de legitimidade”, pois apenas o PAN tinha esta matéria no seu programa eleitoral.
Por sua vez, a deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto assinalou que, com a eutanásia, “não é a autonomia das pessoas doentes que se reforça, é o poder de terceiros sobre a vida de outrem que aumenta, fato inegavelmente perigoso”.
Após o resultado da votação, o Bispo de Leiria-Fátima que recentemente foi nomeado Cardeal, Dom António Marto, declarou à Rádio Renascença que os votos “foram muito sensatos, no sentido de que corresponde ao sentir geral do povo português” sobre “um problema tão delicado e tão complexo que vai para além de ideologias partidárias”.
Por sua vez, o Cardeal-patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, considerou que este “é um momento de congratulação por este momento forte, tão válido da democracia portuguesa tão criador de futuro e de bom futuro para todos”.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou à Agência Ecclesia que a decisão do Parlamento mostra que se deve avançar “no sentido da vida”, formando uma “sociedade realmente solidária, onde ninguém fique de fora, triste, mais fragilizado do que às vezes já está”.
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Para o Cardeal, é necessário o “alargamento dos cuidados paliativos”, a fim de construir uma “sociedade paliativa, onde todos se sintam protegidos”.
“Esse é que é o sentido do futuro, do progresso e da vida, e é exatamente aí que nos devemos encontrar como sociedade portuguesa”, afirmou, ressaltando que “a vida é um bem absoluto e por isso tem de ser absolutamente protegido e promovido”.
Antes do debate entre os parlamentares, centenas de pessoas se reuniram em frente à Assembleia da República para se manifestar contra a legalização da eutanásia em Portugal.
A manifestação foi promovida pela Federação Portuguesa pela Vida, responsável pela campanha ‘Toda Vida tem Dignidade’, com apoio da Conferência Episcopal Portuguesa, do Patriarcado de Lisboa, da Aliança Evangélica Portuguesa, da Associação de Juristas Católicos, da Associação dos Psicólogos Católicos, da Rádio Canção Nova, da Angelus TV, assim como de vários movimentos católicos.
Além disso, durante os últimos dias, diversas manifestações foram realizadas para expressar a opinião contrária da população à despenalização desta prática no país. No último dia 24 de maio, centenas de portugueses foram para o pátio da Assembleia da República, em uma iniciativa promovida pelo movimento de cidadãos ‘Stop Eutanásia’.
Confira também:
Eutanásia em Portugal: Bispos pedem que deputados ouçam manifestações da sociedade https://t.co/VVExcqa3u0
— ACI Digital (@acidigital) 28 de maio de 2018