Vaticano, 5 de jun de 2018 às 20:00
O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal eleito Luis Ladaria, afirmou que o documento dos bispos da Alemanha que propõe dar a Comunhão aos protestantes casados com católicos tem uma série de “problemas de grande relevância”.
Isso foi indicado em uma carta enviada em 25 de maio ao Cardeal Reinhard Marx, Presidente da Conferência Episcopal Alemã, e divulgada pelo vaticanista italiano Sandro Magister em seu blog Settimo cielo.
Na carta, a autoridade vaticana explica ao Cardeal Marx que conversou com o Papa Francisco sobre este tema nos dias 11 e 24 de maio.
Depois dos diálogos, o Purpurado concordou com “explícito consenso” do Santo Padre de informar os bispos alemães que o documento “Caminhar com Cristo – nas pegadas da unidade. Matrimônios mistos e participação comum na Eucaristia, subsídio pastoral da Conferência Episcopal alemã” ainda “não está maduro para ser publicado”, pois “tem uma série de problemas de notável relevância”.
Os problemas, prossegue o Cardeal, estão relacionados a três temas. O primeiro é que “o assunto da admissão à Eucaristia dos cristãos evangélicos nos matrimônios interconfessionais é um tema que está relacionado à fé da Igreja e tem importância na Igreja universal”.
O segundo é que “tem consequências nas relações ecumênicas com outras igrejas e outras comunidades eclesiais, que não podem ser subestimadas".
O terceiro, continua o Cardeal Ladaria na carta, “é o tema relacionado ao direito da Igreja, sobretudo à interpretação do cânon 844 do Código de Direito Canônico. Pois em alguns setores da Igreja há questões abertas em relação a este tema, os dicastérios competentes da Santa Sé já estão encarregados de produzir um esclarecimento oportuno de tais questões em nível de Igreja universal. Em particular, parece oportuno deixar ao bispo diocesano o juízo sobre a existência de uma ‘grave necessidade envolvida’”.
O cânone 844 inciso 4 assinala: “Se existir perigo de morte ou, a juízo do Bispo diocesano ou da Conferência episcopal, urgir outra necessidade grave, os ministros católicos administram
licitamente os mesmos sacramentos também aos outros cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja católica, que não possam recorrer a um ministro da sua comunidade e o peçam espontaneamente, contanto que manifestem a fé católica acerca dos mesmos sacramentos e estejam devidamente dispostos”.
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A carta do Cardeal Ladaria foi divulgada depois que se reuniu no dia 3 de maio com uma delegação de bispos alemães no Vaticano, presidida pelo Cardeal Marx, para falar sobre a Comunhão para protestantes casados com católicos.
Como se recorda, sete prelados alemães se opõem a esta proposta. Eles enviaram uma carta ao Vaticano para perguntar se essa decisão poderia ser tomada por uma conferência episcopal ou se é necessária uma decisão da Igreja universal.
Depois da reunião em 3 de maio, o Cardeal Ladaria informou “que o Papa Francisco aprecia o empenho ecumênico dos bispos alemães e pede a eles que encontrem, em espírito de comunhão eclesial, um resultado possivelmente unânime”.
A proposta dos bispos da Alemanha surgiu depois da sua assembleia plenária em fevereiro deste ano. Entretanto, foi criticado pelo Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal alemão Gerhard Müller.
“É possível chegar a uma posição unânime baseados na fé católica. Não se pode separar a fé católica de um entendimento unânime. Se houvesse tal separação, teríamos então um cisma na Igreja Católica”, expressou.
Em uma entrevista à EWTN Noticias, em 4 de maio, o Cardeal Müller disse que os bispos alemães devem tomar uma decisão baseados na “única doutrina, na única palavra de Deu. Não podemos separar a verdade da fé”.
Confira também:
Comunhão para protestantes na Alemanha seria um golpe à verdade da Eucaristia https://t.co/fm7t38uYX7
— ACI Digital (@acidigital) 25 de maio de 2018