HONG KONG, 7 de jun de 2018 às 20:00
O Arcebispo Emérito de Hong Kong (China), Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, denunciou que as autoridades usam o poder judiciário para prender e reprimir os jovens que defendem os valores da cidade, têm ideais e participam da política.
Foi o que disse na última segunda-feira em um dia de oração pelo 29º aniversário do Massacre de Tiananmen.
Em 3 a 4 de junho de 1989, o Exército Popular de Libertação do Partido Comunista matou milhares de pessoas que se reuniram na Praça Tiananmen, em Pequim, para exigir melhorias econômicas e culturais ante o aumento da inflação e da corrupção.
Segundo informou ‘El País’, vários documentos desclassificados revelaram que cerca de 10mil pessoas morreram.
Estas manifestações – nas quais participaram estudantes, trabalhadores e intelectuais – foram realizadas por mais de um mês, também nas cidades como Xangai, Chongqing e Hong Kong.
Em sua mensagem, recolhida por UCA News, o Cardeal Zen Ze-kiun indicou que o Partido Comunista Chinês organizou uma supressão em larga escala da religião. Citou como exemplo a proibição para que os menores pudessem participar das atividades religiosas.
Além disso, afirmou que o Poder Judiciário de Hong Kong se tornou uma ferramenta de repressão para prender jovens que participaram da política.
“Esses cidadãos que protegeram os valores intrínsecos de Hong Kong e que têm ideais, especialmente os jovens, foram enviados para a prisão. As autoridades fizeram o que queriam. Esta não é a China antes do dia 4 de junho de 1989?”, perguntou o Purpurado.
“O que esperamos é que não ocorra um episódio sangrento, mas outra Revolução de Veludo”, assinalou, em referência à mobilização pacífica que em 1989 fez o Partido Comunista da Checoslováquia perder poder político e levou o país à democracia.
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O Cardeal Zen Ze-kiun expressou aos presentes seu desejo de vê-los reunidos novamente no próximo ano para o 30º aniversário do Massacre de Tiananmen.
O dia de oração de 4 de junho foi organizado pela União das Organizações Católicas de Hong Kong em apoio ao movimento patriótico e democrático na China e o Grupo Franciscano de Justiça e Paz.
O Yan Yan, membro da Comissão de Justiça e Paz de Hong Kong, disse à UCA News que, às 90 pessoas que participaram da oração, entregaram um espelho com a imagem de um personagem de desenhos animados ferido.
Este personagem representava todas as pessoas que são oprimidas por buscar a justiça e a devoção desinteressada.
“Esperamos usar este espelho para recordar às pessoas que devemos buscar a justiça, o amor e viver à imagem de Deus”, expressou.
Depois da oração, o Cardeal Zen Ze-kiun se uniu a mais de 115 mil pessoas reunidas no Parque Vitoria de Hong Kong para celebrar uma vigília em memória das vítimas do Massacre de Tiananmen.
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— ACI Digital (@acidigital) 21 de abril de 2018