O sacerdote jesuíta José Suárez Trueba causou polêmica nas redes sociais ao publicar um vídeo incentivando os jovens a “fazerem bagunça” distribuindo a Eucaristia na Missa, mesmo que não sejam ministros extraordinários da comunhão.

O sacerdote jesuíta José Suárez Trueba causou polêmica nas redes sociais ao publicar um vídeo incentivando os jovens a “fazerem bagunça” distribuindo a Eucaristia na Missa, mesmo que não sejam ministros extraordinários da comunhão.

Pe. Suárez Trueba é pároco de Santa Maria de las Parras na Diocese de Saltillo, México.

Em um vídeo intitulado “Microcomentario al Evangelio”, publicado no dia 2 de junho na página do Facebook da paróquia de Santa Maria de las Parras, o sacerdote apresenta a celebração da Missa e convida “os jovens para que no dia de hoje nos ajudem a distribuir a Comunhão e nutram a nossa vida”.

Uma jovem, que aparece no vídeo junto com o sacerdote, se aproxima e começa a distribuir a Eucaristia.

No vídeo, zombam de uma mulher que não aprova esta prática – chamando-a de “catolicus enojadus tremendus” – e que repreende a jovem por distribuir a hóstia consagrada sem ser ministra extraordinária da Eucaristia.

A jovem explica a distribuição da Comunhão dizendo que no Evangelho “Jesus nos convida a escolher a vida antes da lei”.

“É difícil participar nos eventos da igreja porque eles já têm suas leis e tradições e não nos permitem inovar e viver o amor de Jesus como nós entendemos”, disse.

Para Pe. Suárez Trueba, este é o sinal de uma “Igreja com as portas fechadas, onde os jovens não podem entrar”.

“Jovem, faça bagunça, deixe que o espírito da vida hoje te convide a entrar nesta casa que é tua, nesta tua cidade e que a partir disso possa encontrar com Jesus, que te conduz à vida plena”, concluiu.

O vídeo, que inclui a logo oficial da Diocese de Saltillo, causou polêmica nas redes sociais a partir do momento de sua publicação.

“O que ele aprendeu no seminário?”, pergunta-se Álvaro Miquere, lamentando que o vídeo não mostra “nem um pouco de respeito por Cristo, só estão interessados em ‘inovar’ porque se nota que  contemplar a renovação do maior mistério da humanidade, que é a renovação do sacrifício de Cristo no Calvário que está acontecendo no altar, não chega até eles”.

Outra pessoa perguntou se talvez com este vídeo se diz que “a tradição da Igreja está errada”. A paróquia mexicana de Pe. Suárez Trueba respondeu que “a tradição da Igreja é importante, mas não pode ser mais importante do que a vida dos homens e mulheres. O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”.

Jorge Bautista disse ao sacerdote jesuíta que os jovens “não precisamos que nos torne participantes da vida eclesial como você sugere no vídeo, não queremos participar das coisas que não nos corresponde, neste caso, distribuir a sagrada comunhão”.

“Essa função é reservada para o ministro ordenado”, assinalou.

“Peço-lhe de todo coração que não incentive os jovens desta maneira, pois em vez de ajudar, prejudica-os”, acrescentou, destacando que “a disciplina da igreja não é um simples capricho, por algum motivo Jesus fundou a Igreja e lhe deu autoridade para guiar todo o seu rebanho”.

Por sua parte, Beli Cabello disse que “nós, jovens, não queremos assumir papéis que não nos correspondem, nem queremos substituir o sacerdote na sua missão”.

“Acho lamentável que se perceba e comunique isso, quando, na verdade, as necessidades que nós, jovens, exigimos são muito diferentes, isso faz com que eu me sinta excluída e sem voz acerca da percepção e das necessidades que muitos, como eu, temos da Igreja”, disse.

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O Grupo ACI tentou entrar em contato diversas vezes com Pe. José Suárez Trueba e com o Bispo de Saltillo, Dom Raúl Vera, para saber a sua posição a respeito, mas ambos se recusaram a fazer declarações.

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Na paróquia de Santa Maria de las Parras indicaram que Pe. Suárez Trueba estava muito ocupado para dar entrevistas, enquanto a Diocese de Saltillo disse que “o Bispo não fará declarações a respeito”.

Os jovens podem distribuir a comunhão na Missa?

As normas litúrgicas sobre a participação dos leigos na Comunhão são claras.

Na Instrução Redemptionis Sacramentum, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé, explica-se que “não está permitido que os fiéis tomem a hóstia consagrada nem o cálice sagrado ‘por si mesmos, nem muito menos que se passem entre si de mão em mão’”.

“Os ministros ordinários da sagrada Comunhão são: o Bispo, o presbítero e o diácono, aos que correspondem, portanto, administrar a sagrada Comunhão aos fiéis leigos, na celebração da santa Missa”, acrescenta o documento do Vaticano.

Também pode administrar a Comunhão o “acólito instituído ritualmente” e, caso se apresente “razões de verdadeira necessidade”, o Bispo diocesano “pode delegar também outro fiel leigo como ministro extraordinário”.

“Reprove-se o costume daqueles sacerdotes que, apesar de estar presentes na celebração, abstém-se de distribuir a Comunhão, delegando esta tarefa a leigos”, acrescenta a instrução da Santa Sé.

Saltillo, uma diocese polêmica

Esta não é a primeira vez que a Diocese de Saltillo se envolve em uma polêmica.

Em 2011, sob a direção pastoral de Dom Raúl Vera, a Diocese de Saltillo incluiu entre suas equipes pastorais o grupo San Elredo, que promovia a vida de casais entre homossexuais e outras ideias contrárias aos ensinamentos da Igreja.

De acordo com Dom Vera, a situação fez com que o Vaticano lhe exigisse algumas explicações.

O Bispo de Saltillo também se manifestou a favor da despenalização do aborto.

Em 2013, a Diocese de Saltillo foi abalada pela notícia de que um de seus sacerdotes, Pe. Adolfo Huerta Alemán, conhecido como o “Padre Gofo” admitiu que tinha relações sexuais e que “se Deus não existe, eu não me importo, vale tudo”.

Depois de uma suspensão temporária solicitada pelo Vaticano à Diocese de Saltillo, Pe. Huerta Alemán voltou a exercer o ministério e participou neste ano em um vídeo promovendo a Semana Santa. Sua foto de perfil na rede social Twitter é uma caricatura do Coringa.

Em outubro de 2015, em um evento em Roma, Dom Raúl Vera assegurou que os ativistas do lobby gay “são os salvadores da Igreja”.

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