O Primaz da Espanha e Arcebispo de Toledo, Dom Antonio Cañizares, declarou que o Governo  mentiu para a opinião pública sobre a paralisação do calendário de implantação da Lei Orgânica de Qualidade de Ensino (LOCE- em espanhol) e indicou que se trata de  “um dano irreparável” que não se deve permitir.

Dom Cañizares fez estas afirmações durante o ato de abertura da Plataforma em defesa do ensino da Religião na Escola, que se constituiu no colégio dos irmãos maristas  de Toledo diante de mais de 500 pessoas, entre professores, diretores de colégio e pais.

Não foi dita a verdade quando se transmitiu à opinião pública de que se tratava da paralização do calendário de implantação da LOCE, porque não é assim; somente foram paralizadas duas medidas: a que se refere aos Itinerários Educativos e a que se refere ao Ensino Religioso”, advertiu o presidente da Comissão Episcopal de Ensino e Catequese.

Dom Cañizares avisou que “a paralização da implantação da LOCE suporia um  dano irreparável que não podemos permitir; que não podem permitir os padres, que seriam vulnerados em direito graves e fundamentais para eles; porque seria a sociedade espanhola vulnerada na liberdade e uma sociedade que não é livre não tem certamente  futuro”.

Mais adiante, o Arcebispo chamou a mobilização dos católicos e classificou de “esplêndido”  que “surjam iniciativas cidadãs” para defender o ensino religioso na escola posto que “não se pode debilitar a aula de religião como se está fazendo”.

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O Primaz questionou em seguida o projeto educativo do PSOE, e perguntou  “quem o conhece”. “Certamente, a opinião pública não o conhece, salvo o que aparece no programa eleitoral. E o programa eleitoral é muito claro: escola única, pública e leiga; essa é verdadeiramente a estrutura ou o marco no qual estamos situados”, observou.

O presidente da Comissão de Ensino e Catequese informou que sua decisão de não pactuar “nada que suponha diminuir  ou desvalorizar este direito fundamental da liberdade de educação que é inseparável do direito fundamental à liberdade religiosa e de consciência”, ao mesmo tempo em que se comprometeu  a “dialogar até a exaustão” com o Executivo.

Igualmente, Dom. Cañizares fez referência à maioria de pais de alunos que escolhem a matéria de religião para seus filhos, e denunciou que “no Conselho Escolar do Estado não se ouve a voz desse 75 por cento que deve ser escutado e que está falando todos os anos com seu pedido do ensino religioso”.

“Está muito bem e é necessário,  num Estado democrático, atender aos grupos políticos de debate no Congresso, no Senado, atender às diversas forças sociais que estão representadas no Conselho Escolar do Estado, mas quem nestes momentos não está no Conselho Escolar do Estado são o  75 por cento dos pais da escola pública, que pedem aula de Religião para seus filhos e aos que ninguém representa”, apontou o  Prelado.

“Um estado democrático deve atender a essa voz e, se não, em que democracia estamos? Formal? As democracias formais são o caminho para as ditaduras; a ditadura dos espíritos é a pior da ditaduras, como dizia Paulo VI”, sentenciou o  Arcebispo.