REDAÇÃO CENTRAL, 17 de jun de 2018 às 06:00
Antes do primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo, neste domingo, muitos brasileiros rezarão a Nossa Senhora Aparecida e um deles será Tite, o técnico da seleção brasileira, católico praticante e devoto da Virgem e de São Jorge, que sempre pede a proteção da Mãe de Deus e Nossa antes de cada partida da seleção canarinha.
Nos últimos dias, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que decidiu manter a proibição a qualquer culto religioso na concentração da seleção brasileira, medida que foi tomada em 2015, quando um pastor evangélico se reuniu com 10 jogadores da seleção de Dunga na concentração nos Estados Unidos, sem autorização da CBF. Posteriormente, o líder religioso postou fotos em redes sociais.
Esta decisão da CBF, entretanto, não impede manifestações religiosas de âmbito pessoal da comissão técnica e dos jogadores. Assim, Tite poderá manter o seu costume de rezar antes das partidas.
Este é um hábito que traz mesmo antes de se tornar técnico da seleção brasileira. Já na época em que comandava o Corinthians, diversas vezes foram registradas fotos do treinador rezando no vestiário com uma imagem da padroeira do Brasil antes de cada partida.
Em uma recente entrevista ao site ‘Globo Esporte’, Padre Jeferson Mengali, conselheiro espiritual do técnico, afirmou que “Tite sempre tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no vestiário, deixa a vela acesa e reza antes e depois dos jogos”.
Foi, aliás, em uma situação como esta que ambos se conheceram em 2013, quando o Corinthians esteve em Bragança Paulista (SP) para uma partida contra o Bragantino, o primeiro jogo do time após a morte do jovem Kevin Espada, atingido por um sinalizador disparado pela torcida corintiana na Bolívia.
O corintiano Pe. Mengali recordou que aquele era um momento delicado para toda a equipe do Corinthians, inclusive Tite. Naquele dia, foram apresentados e rezaram juntos no vestiário. Dali surgiu uma amizade na vida e na fé, tendo em comum ainda a devoção por São Jorge.
Tite chegou até mesmo a escrever o prefácio do livro de Pe. Jeferson Mengali, ‘São Jorge, o poder do Santo Guerreiro’, no qual afirma que “na busca de paz espiritual, fé, coragem e proteção, São Jorge se faz presente em minhas orações”.
A fé do treinador é também algo que impressiona o sacerdote. “A história que sabemos é que é um homem de muita fé”, assinalou Pe. Mengali, ressaltando ainda outro costume de Tite: “em qualquer concentração, ele pede que tenha uma igreja perto do hotel”.
Mas, a fé do treinador não tem nada a ver com superstição. “O Tite tem a medalhinha dele, que eu também uso. Mas para proteção. Ele leva no bolso um terço que dei a ele quando era técnico do Corinthians. Isso não é superstição, é um sinal de fé da religiosidade dele. Foge essa questão de superstição. Ele sabe que tem um Deus que olha por ele, como olha por todos nós”, afirmou o sacerdote.
Testemunhando a fé
Esses dois costumes de Tite – visitar uma igreja no local onde está e ter objetos religiosos – foram testemunhados durante a última estadia da seleção brasileira em Teresópolis (RJ), onde tiveram alguns dias de preparação na Granja Comary antes de viajar.
Conforme relata o portal ‘Uol’, em 22 de maio, Tite foi participar da Missa na Igreja de Santa Teresa, onde estava Marcia Burgos, tia de José Inácio, de 10 anos, que perdeu a mãe há um ano, data que era recordada também naquela celebração eucarística.
Ao site, Marcia contou que o menino estava sofrendo pela perda da mãe e, então, Tite gravou um vídeo e enviou uma pulseira com imagens de santos que foi dada de presente ao garoto.
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Este mesmo presente Tite já ofertou a outras pessoas, inclusive jogadores, como Renato Augusto, que recebeu a pulseira após sofrer uma fratura em 2013.
Ao explicar este costume, em 2016, Tite disse que “não tem a ver com o lado do técnico, nada a ver. Não sou nenhum apologista de religião. É uma espiritualidade apenas, de fazer uma oração para ter saúde e ser solidário com alguém que possa ter saúde”.
Exemplo veio de família
A fé é uma herança que Tite recebeu de sua família, sobretudo da mãe, Dona Ivone, a qual é uma referência de espiritualidade para o técnico.
Em reportagem sobre sua vida no ‘Jornal Nacional’, da Rede Globo, dona Ivone contou que sempre que recebe a visita do filho, ele faz um convite a ela: “Vem cá mãe, vamos rezar o terço!”.
“Essa oração que a gente faz junto, tem o cunho da oração, mas tem o cunho do filho está do lado da mãe também”, disse o treinador.
Copa do Mundo
Para esta Copa do Mundo, Pe. Jeferson Mengali contou ao site ‘Globo Esporte’ que “Tite está centrado, sereno” e “focado no trabalho”.
“Tem uma coisa que o Tite sempre me diz: ‘Vencer por vencer não vale a pena. Temos que vencer se formos merecedores. Se merecer, vamos ganhar. Se não merecer, melhor que o outro ganhe. Porque na derrota, você aprende’”, recordou o sacerdote.
Este parecer ser um ensinamento aprendido também com a mãe. Ao ‘Jornal Nacional’, Dona Ivone expressou: “Tomara Deus que dê tudo certo. Se não der também, somos felizes, a mesma coisa”.
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— ACI Digital (@acidigital) 15 de junho de 2018