O Papa Francisco denunciou o controle hegemônico da mídia por parte dos “governos sem escrúpulos” para caluniar e destruir os rivais: “assim vão avante as ditaduras”, assegurou.

Quando a mídia é neutralizada , “logo depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim vai avante uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocar a comunicação nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo”.

O Santo Padre assinalou que em muitos países se usa o método de “destruir a livre comunicação” através da revogação de “uma lei da mídia, da comunicação, se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática”.

Nesse sentido, o Pontífice indicou que esta atitude também existe no âmbito das relações pessoais quando se calunia ou se divulgam os escândalos de outras pessoas. “E comunicar escândalos é um fato que tem uma enorme sedução. Seduz-se com os escândalos. As boas notícias não são sedutoras”, lamentou.

Então, “a comunicação cresce, e aquela pessoa, aquela instituição, aquele país acaba na ruína. No final, não se julgam as pessoas. Julgam-se as ruínas das pessoas ou das instituições, porque não podem se defender”.

Para explicar a maldade existente na calúnia e como os poderes a aproveitam para alcançar os seus objetivos, o Santo Padre comentou a Primeira Leitura de hoje, um trecho do Primeiro Livro dos Reis, no qual é narrado como a esposa de Acab, Rei de Israel, usou a calúnia para matar Nabot e roubar a sua terra, que o rei desejava.

“O rei Acab deseja a vinha de Nabot e lhe oferece dinheiro. Mas aquele terreno faz parte da herança dos seus pais e, portanto, rejeita a proposta. Então Acab fica aborrecido como fazem as crianças quando não obtêm o que querem: chora. Em seguida, a sua esposa cruel, Jezabel, aconselha o rei a acusar Nabot de falsidade, a matá-lo e assim tomar posse de sua vinha”, resumiu Francisco.

“Nabot é, portanto, um mártir da fidelidade à herança que tinha recebido de seus pais: uma herança que ia além da vinha, uma herança do coração”, explicou.

Neste sentido, explicou que o martírio de Nabot é paradigmático da história de Jesus, de Santo Estêvão e de todos os mártires que foram condenados com falsas acusações e calúnias. Segundo o Papa a calúnia de Acab a Nabot é também paradigmática do modo de proceder de tantas pessoas, de “tantos chefes de Estado ou de governo. Começa com uma mentira e, depois de destruir seja uma pessoa, seja uma situação com aquela calúnia”, se julga e se condena.

“Muitas pessoas, muitos países destruídos por ditaduras malvadas e caluniosas. Pensemos por exemplo nas ditaduras do século passado. Pensemos na perseguição aos judeus, por exemplo. Uma comunicação caluniosa, contra os judeus; e acabavam em Auschwitz porque não mereciam viver. Oh… é um horror, mas um horror que acontece hoje: nas pequenas sociedades, nas pessoas e em muitos países. O primeiro passo é se apropriar da comunicação, e depois da destruição, o juízo e a morte”, concluiu.

Leitura comentada pelo Papa Francisco:

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1Rs 21,1-16

Naquele tempo, 1Nabot de Jezrael possuía uma vinha em Jezrael, ao lado do palácio de Acab, rei de Samaria. 2Acab falou a Nabot: “Cede-me a tua vinha, para que eu a transforme numa horta, pois está perto da minha casa. Em troca eu te darei uma vinha melhor, ou, se preferires, pagarei em dinheiro o seu valor”.

3Mas Nabot respondeu a Acab: “O Senhor me livre de te ceder a herança de meus pais”. 4Acab voltou para casa aborrecido e irritado por causa desta resposta que lhe deu Nabot de Jezrael: “Não te cederei a herança de meus pais”. Deitou-se na cama, com o rosto voltado para a parede, e não quis comer nada.

5Sua mulher Jezabel aproximou-se dele e disse-lhe: “Por que estás triste e não queres comer?” 6Ele respondeu: “Porque eu conversei com Nabot de Jezrael e lhe fiz a proposta de me ceder a sua vinha pelo seu preço em dinheiro, ou, se preferisse, eu lhe daria em troca outra vinha. Mas ele respondeu que não me cede a vinha”.

7Então sua mulher Jezabel disse-lhe: “Bela figura de rei de Israel estás fazendo! Levanta-te, toma alimento e fica de bom humor, pois eu te darei a vinha de Nabot de Jezrael”.

8Ela escreveu então cartas em nome de Acab, selou-as com o selo real, e enviou-as aos anciãos e nobres da cidade de Nabot. 9Nas cartas estava escrito o seguinte: “Proclamai um jejum e fazei Nabot sentar-se entre os primeiros do povo, 10e subornai dois homens perversos contra ele, que deem este testemunho: ‘Tu amaldiçoaste a Deus e ao rei!’ Levai-o depois para fora e apedrejai-o até que morra”.

11Os homens da cidade, anciãos e nobres concidadãos de Nabot, fizeram conforme a ordem recebida de Jezabel, como estava escrito nas cartas que lhes tinha enviado. 12Proclamaram um jejum e fizeram Nabot sentar-se entre os primeiros do povo. 13Chegaram os dois homens perversos, sentaram-se diante dele e testemunharam contra Nabot diante de toda a assembleia, dizendo: “Nabot amaldiçoou a Deus e ao rei”. Em virtude disto, levaram-no para fora da cidade e mataram-no a pedradas.

14Depois mandaram a notícia a Jezabel: “Nabot foi apedrejado e morto”. 15Ao saber que Nabot tinha sido apedrejado e estava morto, Jezabel disse a Acab: “Levanta-te e toma posse da vinha que Nabot de Jezrael não te quis ceder por seu preço em dinheiro; pois Nabot já não vive; está morto”. 16Quando Acab soube que Nabot estava morto, levantou-se para descer até a vinha de Nabot de Jezrael e dela tomar posse.

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