FATIMA, 25 de jun de 2018 às 18:00
A poucos dias de ser criado Cardeal pelo Papa Francisco, o Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, se declarou um “parceiro convicto” do Pontífice, disposto a ajudá-lo naquilo que “ele entender e confiar”.
Dom Marto será criado Cardeal pelo Papa Francisco no próximo dia 28 de junho, juntamente com outros 13 novos purpurados. Desses 14 novos membros do colégio cardinalício, 11 são eleitores em um futuro conclave.
“É com tranquilidade e paz de espírito que aceitei este pedido do Santo Padre, este encargo e missão”, disse o Bispo de Leiria-Fátima em entrevista concedida à Agência Ecclesia, do episcopado português.
Dom Marto reconheceu que esta nomeação representa “mais um serviço à Igreja”, o que poderá exigir dele “mais trabalho e mais deslocações a Roma”. Entretanto, assinalou que isso “não perturbará a vida da diocese” portuguesa.
Com a sua criação como cardeal, o Bispo considerou ter sido “chamado a ser colaborador mais próximo do Papa, no que ele entender e confiar”. Assim, embora assinale que, “de momento” ainda não saiba em que poderia contribuir com o Pontífice, indicou algumas áreas em que poderia vir a ajudar, como: a doutrina da fé, a família, a Nova Evangelização ou o setor da Cultura.
Segundo ele, essas são áreas “onde me sinto interessado e com um certo à vontade”, admitiu à Ecclesia.
O Santo Padre “tem um parceiro e sabe-o”, ressaltou Dom Marto em relação às mudanças realizadas por Francisco na Cúria Romana.
“Naturalmente – sublinhou –, a celebração do centenário das aparições (de Fátima, em 2017) teve influência na nomeação. Mas não posso pôr de parte que tenha sido um ato de confiança pessoal do Papa”.
O Bispo de Leiria-Fátima contou que, nas audiências privadas que teve com o Pontífice, falaram “desta reforma da Igreja” e o incentivou “sempre a ir para a frente”, manifestando “todo o meu apoio”.
Em relação à reforma da Cúria, Dom Marto admitiu que não conhece “todo o itinerário que os cardeais e o Papa percorreram” neste sentido. Entretanto, ressaltou a atenção pontifícia para o “desenvolvimento integral dos povos”, com a criação de um dicastério dedicado a esse setor.
Além disso, o futuro cardeal ressaltou a inspiração o Beato Paulo VI e de São João XXIII no pontificado de Francisco. Retomando as frases “O novo nome da paz é o desenvolvimento” e “A Igreja prefere usar a medicina da misericórdia às armas da condenação”, indicou que “o pontificado do Papa Francisco é marcado precisamente por isto”.
“Hoje vivemos um mundo ferido quer em nível pessoal, das famílias, muitas feridas, em nível social, de divisões, indiferenças, injustiças, atentados aos direitos humanos. É preciso quem olhe para as feridas”, pontuou.
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Para o Bispo de Leiria-Fátima, Francisco tem “um estilo de pastor próximo, cheio de simplicidade, quer na maneira como se apresenta, quer na forma de falar às pessoas, na forma como se torna próximo”. Por isso, “leva o seu tempo a ser interiorizado por todos”.
Ressaltou ainda que o Pontífice tem sido um “construtor de pontes, de encontro e entendimento entre os povos”, apesar das “resistências” que possam existir.
“É natural que sempre existam bolsas no meio do povo, como também entre os colaboradores próximos, mesmo entre os próprios cardeais. Existiu sempre isso mesmo em relação aos Concílios. Hoje, apenas, ganham um alcance mediático que antes não tinha”, acrescentou.
Um dom para Fátima
Também no último fim de semana o futuro cardeal português falou sobre esta nomeação durante o Simpósio Teológico-Pastoral, que aconteceu no Santuário de Fátima.
Na sessão de encerramento do evento no domingo, 24 de junho, Dom Marto afirmou que “quiseram hoje fazer do cardinalato uma espécie de refrão”. Contudo, indicou, “finalmente terei compreendido um pouco melhor” a escolha do Papa Francisco.
De acordo com o site do Santuário de Fátima, Dom Marto afirmou que “o cardinalato é o dom do Papa Francisco a Fátima, para pôr em relevo quer a Mensagem quer o trabalho que aqui se faz como paradigma e modelo para os outros”. “Esta interpretação que me agradou muito”, partilhou com os presentes.
“Pois que ela seja um sinal de Deus para nós. Para mim não contava com isto, dispensava bem isto, mas ponhamos isso no projeto de Deus para a diocese”, completou, lembrando as palavras do salmista: “Não a mim, não a nós, mas à glória do Teu nome”.
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Dom Marto recebeu nomeação cardinalícia com emoção e se coloca a serviço da Igreja https://t.co/w6wJ70sP93
— ACI Digital (@acidigital) 21 de maio de 2018