O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o novo Cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer, assegurou que a carta enviada pelo seu dicastério com a aprovação do Papa Francisco “não era diretamente um freio” à proposta dos bispos alemães para dar a Comunhão aos protestantes casados ​​com católicos.

A carta do Vaticano aos bispos da Alemanha “não era diretamente um freio, mas um chamado à reflexão”, disse o novo Purpurado espanhol em declarações aos meios de comunicação por razão do consistório no qual será criado cardeal junto a outros treze bispos nesta quinta-feira, 28 junho, no Vaticano.

Segundo informa a agência italiana SIR, o Arcebispo espanhol indicou que o tema da Comunhão para protestantes “é um assunto tão grave que uma conferência episcopal de um país deve agir levando em consideração toda a Igreja de modo que se chegue a uma solução de toda a Igreja, porque se em um tema tão central cada um toma o seu próprio caminho, pode ser criada uma pequena confusão”.

Sobre este tema, o Pontífice também se pronunciou no voo que o levou a Roma, depois de realizar uma visita a Genebra (Suíça), por ocasião dos 70 anos do Conselho Ecumênico das Igrejas.

Em 21 de junho, o Papa Francisco disse que a carta do Vaticano aos bispos “não foi nenhum freio. Tratou-se de reger a coisa para que andasse por bom caminho”.

Vários bispos alemães, incluindo os cardeais Walter Kasper e Reinhard Marx, rechaçaram a carta do Vaticano que adverte sobre os graves problemas no documento do Episcopado sobre este tema.

A carta adverte que há “problemas de grande relevância” no documento “Caminhar com Cristo nas pegadas da unidade. Matrimônios mistos e participação comum na Eucaristia, subsídio pastoral da Conferência Episcopal alemã”, e por isso ainda “não está maduro para ser publicado”.

A ideia do subsídio surgiu na assembleia plenária do Episcopado, realizada em fevereiro, e recebeu a oposição de sete prelados liderados pelo Arcebispo de Colônia, Cardeal Rainer Maria Woelki.

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A reação mais forte à carta de Dom Ladaria foi a do Cardeal Walter Kasper, presidente Emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que disse que estava “furioso” sobre o fato de que a carta do Vaticano tivesse vazado antes de chegar ao seu destinatário.

Por outro lado, a Conferência Episcopal Alemã divulgou na terça-feira, 27 de junho, uma carta na qual manifesta que a sua preocupação se dirige a “oferecer assistência espiritual às pessoas que expressam temas de consciência nos casos individuais que recebem cuidado pastoral para os casais com casamentos interdenominacionais, que têm a grave necessidade espiritual de receber a Eucaristia”.

O tema, sublinharam, “será analisado com maior detalhe, de acordo com a carta da Congregação para a Doutrina da Fé. Nós gostaríamos de oferecer ao Santo Padre e à Cúria Romana nossa ajuda a respeito. O tema será revisado novamente na assembleia plenária de outono da Conferência Episcopal Alemã, em setembro de 2018”.

Em suas declarações aos jornalistas, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé também disse que “buscamos refletir, porque este é um ponto que não toca apenas um país, não só uma diocese, mas toca a Igreja universal, e esta também era a preocupação do Santo Padre”.

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