Vaticano, 28 de jun de 2018 às 12:30
Um dos acontecimentos mais importantes da Igreja é sempre a celebração de um Consistório para a criação de novos cardeais, como o que foi celebrado neste 28 de junho, na Basílica de São Pedro, em que o Papa Francisco criou 14 novos provenientes de todo o mundo, aos quais convidou a estar sempre a serviço dos outros.
Em sua homilia, o Bispo de Roma convidou a não viver presos em “asfixiantes intrigas” que só secam e ressaltou que “nenhum de nós se deve sentir ‘superior’ a outrem”.
“Nenhum de nós deve olhar os outros de cima para baixo; só podemos olhar assim uma pessoa, quando a ajudamos a levantar-se”, afirmou.
O Papa manifestou que “os momentos importantes e cruciais deixam falar o coração e manifestam as intenções e as tensões que vivem em nós” e “tais encruzilhadas da existência interpelam-nos e fazem surgir questões e desejos nem sempre transparentes do coração humano”.
O Pontífice utilizou o Evangelho para lançar uma mensagem aos novos purpurados e recordou como os discípulos guardavam em seu coração “busca dos primeiros lugares, ciúmes, invejas, intrigas, ajustes e acordos”. De fato, “esta lógica não só desgasta e corrói a partir de dentro as relações entre eles, mas ainda os fecha e envolve em discussões inúteis e de pouca importância”.
Francisco, então, perguntou: “Que adianta ganhar o mundo inteiro, se se fica corroído por dentro? Que adianta ganhar o mundo inteiro, se todos vivem prisioneiros de asfixiantes intrigas que secam e tornam estéril o coração e a missão? Nesta situação – como alguém observou –, poder-se-iam já vislumbrar as intrigas de palácio, mesmo nas cúrias eclesiásticas”.
O Papa convidou a “não se deixarem arruinar e prender por lógicas mundanas que afastam o olhar daquilo que é importante”.
“Deste modo, Jesus ensina-nos que a conversão, a transformação do coração e a reforma da Igreja são feitas, e sempre o devem ser, em chave missionária, pois pressupõem que se deixe de olhar e cuidar dos interesses próprios para olhar e cuidar dos interesses do Pai”.
O Papa acrescentou que a conversão significa superar “nossos egoísmos” e ter plena disponibilidade a “crescer em fidelidade e disponibilidade para abraçar a missão”.
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Francisco também solicitou não se tornar “ótimos repelentes” e evitar ter “vistas curtas”. “Quando nos esquecemos da missão, quando perdemos de vista o rosto concreto dos irmãos, a nossa vida fecha-se na busca dos próprios interesses e seguranças”, sublinhou.
Para o Santo Padre, “assim, começam a crescer o ressentimento, a tristeza e a aversão” e “pouco a pouco diminui o espaço para os outros, para a comunidade eclesial, para os pobres, para escutar a voz do Senhor. Deste modo perde-se a alegria, e o coração acaba na aridez”.
O Papa recordou que a Igreja é chamada a “curar” feridas e dar uma “esperança tantas vezes ofendida”.
“O Senhor caminha à nossa frente para nos lembrar uma vez mais que a única autoridade crível é a que nasce de se colocar aos pés dos outros para servir a Cristo”.
“Esta é a mais alta condecoração que podemos obter, a maior promoção que nos pode ser dada: servir Cristo no povo fiel de Deus, no faminto, no esquecido, no recluso, no doente, no toxicodependente, no abandonado, em pessoas concretas com as suas histórias e esperanças, com os seus anseios e decepções, com os seus sofrimentos e feridas”, acrescentou.
Confira também:
Homilia do Papa Francisco no Consistório para a criação de 14 novos cardeais https://t.co/TQvGzawd6o
— ACI Digital (@acidigital) 28 de junho de 2018