Vaticano, 8 de jul de 2018 às 09:25
O Papa Francisco lamentou, durante a oração do Ângelus deste domingo, 8 de julho, que muitos cristãos vivem como se Cristo não existisse.
O Santo Padre assinalou que “a falta de fé um obstáculo à graça de Deus” e assegurou que muitos cristãos “repetem os gestos e os sinais da fé, mas a eles não correspondem uma real adesão à pessoa de Jesus e ao seu Evangelho”.
Em seu ensinamento, Francisco se centrou no episódio evangélico em que “Jesus regressa a Nazaré e começa a ensinar na sinagoga em um sábado”.
“Desde que havia ido embora e iniciado a pregar nos povoados e nos vilarejos das redondezas, não tinha mais regressado à sua pátria. Portanto, toda a cidadezinha se reuniu para ouvir este filho do povo cuja fama de sábio mestre e de poder de curador se difundia por toda a Galielia e outras regiões”, explicou o Pontífice.
Entretanto, “aquilo que se anunciava como um sucesso, transformou-se em uma clamorosa rejeição, ao ponto de que Jesus não pôde fazer nenhum prodígio, apenas algumas curas”.
No Evangelho de Marcos narra-se a evolução da atitude dos habitantes de Nazaré para com Jesus. “Os habitantes de Nazaré primeiro escutam e ficam admirados. Depois, perguntam-se perplexos: ‘De onde recebeu tudo isso, essa sabedoria?’. E finalmente se escandalizam, reconhecendo nele o carpinteiro , o filho de Maria, que eles viram crescer”.
Por isso, “Jesus conclui com a expressão que se tornou em provérbio: ‘Um profeta só não é estimado em sua pátria’”.
O Papa perguntou: “Como é possível que os vizinhos de Jesus passem do estupor à incredulidade? Eles fazem uma comparação entre a humilde origem de Jesus e suas capacidades atuais: é um carpinteiro, não estudou, mesmo assim, prega melhor do que os escribas e faz milagres”.
Os habitantes de Nazaré, “em vez de se abrir à realidade, se escandalizam. Segundo eles, Deus é demasiado grande para se abaixar e falar por meio de um homem tão simples. É o escândalo da encarnação: o evento desconcertante de um Deus feito carne que pensa com mente de homem, trabalha e atua com as mãos de um homem, ama com coração de homem. Um Deus que se cansa, que come e dorme como um de nós”.
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“O Filho de Deus inverte todos os esquemas humanos: não são os discípulos que lavam os pés do Senhor, mas é o Senhor que lava os pés dos discípulos. Este é um motivo de escândalo e de incredulidade em todas as épocas, inclusive hoje”, explicou o Papa.
Frente a essa atitude, “devemos nos esforçar para abrir o coração e a mente, para acolher a realidade divina que vem ao nosso encontro”.
O Santo Padre assegurou que “a mudança introduzida por Jesus abriga seus discípulos de ontem e de hoje a um exame pessoal e comunitário. Também em nossos dias, de fato, pode acontecer que nos nutramos de preconceitos que impeçam de acolher a realidade”.
“O Senhor nos convida hoje a assumir uma atitude de escuta humilde e de espera dócil, porque a graça de Deus com frequência nos é apresentada de maneiras surpreendentes que não correspondem a nossas expectativas”.
O Papa citou como exemplo Madre Teresa de Calcutá, “uma religiosa pequena, que ia pelas ruas recolhendo os moribundos para que tivessem uma morte digna. E esta pequena religiosa, com a oração e suas obras, fez maravilhas. A pequenez daquela mulher revolucionou as obras de caridade na Igreja. É um exemplo de nossos dias”.
Antes de finalizar seu ensinamento para rezar o Ângelus, Francisco afirmou que “todo cristão, cada um de nós, é chamado a aprofundar nesta pertença fundamental, buscando testemunhá-la com uma conduta de vida coerente, cujo fio condutor é e sempre será a caridade”.
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— ACI Digital (@acidigital) 7 de julho de 2018