Moscavide, 14 de jul de 2018 às 08:00
Pe. Eusebio Usuga é um sacerdote colombiano, missionário do Verbum Dei e capelão da comunidade de língua espanhola e portuguesa em Moscou (Rússia) que, por ocasião da Copa do Mundo realizada neste país, contou ao Grupo ACI as principais dificuldades que enfrenta na evangelização e no cuidado da comunidade católica.
Segundo explica, o evento da Copa do Mundo de Futebol está sendo uma grande oportunidade de "proximidade e contato de umas pessoas com outras e uma grande oportunidade de divulgar a riqueza cultural e espiritual do povo russo".
Estima-se que desde a Revolução Russa em 1917 até a queda definitiva da União Soviética em 1991, mais de 120 milhões de cidadãos foram eliminados entre expurgos e repressões, entre eles muitos cristãos.
Pe. Usuga afirma que, "nas últimas duas décadas ou mais, a Igreja Ortodoxa, a Igreja Católica e a Anglicana tiveram um tempo favorável, porque recuperaram seus templos e foram capazes de reconstruí-los".
Neste país, os ortodoxos representam mais de 70% da população, entretanto apesar de ser cristãos, a sua relação com os católicos atualmente "é boa, mas distante", segundo explica o sacerdote colombiano.
"Há um longo caminho na busca da unidade e do ecumenismo. Depois de centenas de anos de separação não é fácil voltar à unidade dos primeiros séculos, mas o encontro do Papa Francisco com o Patriarca Ortodoxo (Kirill) em Cuba foi um sinal notável desta aproximação", assegura.
Nesse sentido, Pe. Usuga afirma que a situação atual entre as Igrejas melhorou muito "em comparação com os anos da Perestroika, e a partir de 2000, quando a sociedade e a Igreja Ortodoxa estavam em uma crise de mudança e de definição da sua própria identidade. Existia desconfiança dos católicos".
Por isso, assinala que a Igreja Católica não busca a conversão dos ortodoxos, mas "que valorizem a sua fé ortodoxa e não tenham preconceitos, que nos olhemos sem desconfianças. Se conseguíssemos isso, seria uma grande conquista para esse território".
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Na Rússia, os católicos são uma minoria, como dado, Pe. Eusebio aponta que em Moscou, por volta dos anos 1990, "havia cerca de 70 mil católicos em uma população de aproximadamente 8 milhões de habitantes".
Entretanto, a Igreja Católica pôde se estruturar e atualmente tem uma Conferência Episcopal formada por quatro bispos e também tem um seminário, "embora a maioria dos sacerdotes católicos pertença a ordens religiosas e seja estrangeira".
Como em qualquer lugar de missão, o sacerdote explica que, embora puderam recuperar os templos, "a renovação da fé e das famílias não é tão rápida quanto a reconstrução material. É um processo lento de catequese, formação e assimilação da fé. Mas a população manifesta uma grande necessidade de Deus desde os anos 1990 e isso se manifesta no fato de que as igrejas estejam cheias”.
Como a grande maioria dos sacerdotes e religiosos católicos é de origem estrangeira, uma das principais dificuldades que destaca Pe. Usuga no momento de evangelizar é o idioma e "a mentalidade russa".
Além disso, as distâncias são um grande obstáculo para a evangelização, pois "as paróquias em Moscou e São Petersburgo não são territoriais nem geográficas, então os fiéis devem se deslocar de um extremo a outro da cidade para ir às igrejas católicas, algo que torna muito difícil o seguimento do acompanhamento espiritual, da formação e da catequese".
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