MANÁGUA, 19 de jul de 2018 às 10:02
Devido às inúmeras e perigosas revoltas que ocorrem na Nicarágua e até agora provocaram mais de 300 mortes, o Arcebispo de Manágua explicou a importância do trabalho de mediação que a Igreja está realizando e expressou a sua confiança de que, apesar das graves dificuldades, o Senhor os protege.
O Cardeal Leopoldo Brenes, Arcebispo de Manágua (Nicarágua), explicou em uma entrevista concedida à rede COPE, sobre a situação que o país vive e o papel de mediação que a Igreja tenta realizar, embora seja atacada por ativistas próximos ao presidente Daniel Ortega.
Atualmente, mais de 300 pessoas faleceram nos protestos e tumultos. Além disso, vários padres e bispos foram atacados e alguns templos foram profanados.
Diante desta situação, o Cardeal Brenes assegurou que seguem em frente "com a força que o Senhor nos dá" e sublinhou que com os outros bispos sentem "a proximidade do povo católico, que estão nos apoiando e apoiam a gestão que estamos fazendo neste trabalho de diálogo".
Por isso, a Conferência Episcopal da Nicarágua convocou um mês de oração. O Arcebispo de Manágua explicou que serão alguns dias centrados especialmente em visitas ao Santíssimo Sacramento, jejum, consagração e renovação das promessas batismais, com o objetivo de "fortalecer o espírito e a fé do povo".
"Queremos, como conferência episcopal, que sintam a proximidade do Senhor e da Nossa Mãe nesses momentos difíceis que estamos vivendo", assegurou o Cardeal Brenes.
O Cardeal Brenes explicou que semanalmente, durante este mês de oração, haverá exposição do Santíssimo Sacramento nas quintas-feiras, das 6h às 19h; às sextas-feiras, oferecerão jejum e penitência; o sábado é dedicado à Virgem; e o domingo, dia do Senhor, será para renovar as promessas batismais.
"Teremos quatro dias por semana em comunhão, uma experiência de Igreja", sublinhou o Arcebispo, acrescentando a oração do Terço todos os dias às 21h, porque "a oração é a nossa força".
Também está programado um dia de jejum pela profanação de numerosas igrejas na Nicarágua, que acontecerá no próximo dia 20 de julho.
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O Purpurado disse que a comunidade católica está passando por esta situação de revoltas "com muita tensão, porque é humano ante a violência, os disparos, a presença da polícia e dos paramilitares, sempre há temor. Mas o povo católico vive com grande confiança no Senhor e a certeza de que Ele nos protege”.
Perguntado sobre se realmente é possível o diálogo, o Arcebispo disse que, embora pareça "difícil", nos "momentos de conflito e tensões devemos colocar essa pequena gota de confiança e de esperança que é o diálogo".
Além disso, recordou que o Papa Francisco pediu em três ocasiões que a Igreja na Nicarágua mantenha o diálogo.
No último dia 30 de junho, após o consistório da criação de novos cardeais no Vaticano, o Arcebispo de Manágua se reuniu com o Papa Francisco. O Pontífice, afirmou o Cardeal, o encorajou a não deixar o caminho do diálogo, "porque é o único caminho e por isso, como conferência episcopal, seguimos acreditando no diálogo, embora este caminho seja turbulento".
Um dos graves problemas que a sociedade nicaraguense enfrenta depois destas revoltas é a fratura social que haverá após a pacificação.
"Acho que para os próximos anos, a coluna vertebral será a reconciliação, quando terminar este conflito", assegurou o Purpurado e destacou que "será um trabalho muito longo, porque as feridas são muito difíceis de curar, mesmo que trabalhemos bastante, teremos uma grande luta contra esta situação".
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— ACI Digital (@acidigital) 18 de julho de 2018