Roma, 19 de jul de 2018 às 12:00
A Diocese de Roma anunciou que dará o primeiro passo para a abertura da causa de beatificação de Chiara Corbella Petrillo, uma jovem mãe coragem italiana que durante a sua gravidez atrasou o tratamento do câncer a fim de que o seu terceiro filho pudesse nascer.
O edital que comunica esta decisão é datado de 2 de julho e assinado pelo Vigário Geral da Diocese de Roma, Cardeal Angelo De Donatis. Foi recolhido pelo jornal ‘Avvenire’, da Conferência Episcopal Italiana.
Nesse sentido, o documento convida os fiéis "a comunicar-se diretamente ou enviar ao Tribunal Diocesano do Vicariato de Roma toda informação que possa servir de qualquer forma para reunir elementos a favor ou contra a fama de santidade da Serva de Deus".
Além disso, assinala que nas próximas semanas entregarão ao Tribunal Diocesano o original ou cópia dos escritos atribuídos a Chiara Corbella – como diários, cartas e outros – para contribuir com o avanço da causa.
O sacrifício desta jovem mãe "permanece como uma luz de esperança, como um testemunho de fé em Deus, autor da vida, como um exemplo de que o amor é maior do que o medo e a morte" afirma o edital.
Quem foi Chiara Corbella?
Chiara Corbella nasceu em Roma (Itália) em 9 de janeiro de 1984. Ela cresceu em uma família católica e frequentou uma comunidade da Renovação Carismática.
O site dedicado à memória da Serva de Deus assinala que o seu temperamento era "tranquilo, não rebelde, manifestado no serviço ao próximo".
Em uma peregrinação que realizou em 2002 a Medjugorje, Chiara conheceu Enrico Petrillo e pressentiu que ele era o seu futuro marido. Ao voltar a Roma, ambos iniciaram um namoro que duraria seis anos.
Chiara e Enrico se casaram em Assis em 21 de setembro de 2008. Quando voltaram da lua de mel, ela descobriu que estava grávida, mas o ultrassom revelou que o seu bebê nasceria com anencefalia.
O casal decidiu continuar com a gravidez e, em 10 de junho de 2009, nasceu Maria Grazia Letizia, que viveu apenas meia hora.
Alguns meses depois, ela engravidou novamente e os médicos disseram que o seu filho nasceria sem pernas. Davide Giovanni nasceu em 24 de junho de 2010 e viveu poucas horas.
"No casamento, o Senhor quis nos dar crianças especiais: Maria Grazia Letizia e Davide Giovanni, mas nos pediu para acompanhá-los somente até os seus nascimentos, nos permitiu abraçá-los, batizá-los e colocá-los nas mãos do Pai com uma serenidade e alegria surpreendente", escreveu Chiara.
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Depois da morte do seu segundo filho, a jovem engravidou novamente e nesta ocasião o bebê estava completamente saudável. Entretanto, Chiara descobriu que estava com câncer na língua e, em março de 2011, foi submetida a uma cirurgia para extirpar o tumor.
Os médicos disseram que deveria seguir um tratamento para se curar, mas ela recusou a fim de proteger a vida de seu filho que estava no seu ventre.
"Para a maioria dos médicos, Francesco era apenas um feto de sete meses e eu que deveria ser salva. Mas eu não tinha nenhuma intenção de arriscar a vida de Francesco com base em algumas estatísticas pouco seguras que pretendiam me demonstrar que deveria dar à luz o meu filho prematuro para que eu pudesse operar", expressou esta mãe coragem em um de seus escritos.
Francesco Petrillo nasceu em 30 de maio do mesmo ano e Chiara decidiu continuar o seu tratamento. Entretanto, o câncer já havia se espalhado a um de seus pulmões, aos nódulos linfáticos, ao fígado e ao olho direito, o qual ela cobriria com um adesivo.
Em maio de 2012, junto com o seu esposo e o seu filho, a jovem mãe encontrou o Papa Bento XVI na Praça de São Pedro.
O jornal vaticano L'Osservatore Romano (LOR) informou que o casal se aproximou do Pontífice "sorrindo, com tranquilidade, contaram a sua história de uma jovem família cristã que confia totalmente na providência e levou a sério o Evangelho, com o exemplo de João Paulo II".
"O Papa, visivelmente comovido, os acariciou ternamente", acrescentou LOR.
Chiara passou os últimos momentos da sua vida na casa da sua família, perto do mar, com o seu esposo e o seu filho. Seu diretor espiritual, Pe. Vito, lhe administrava os sacramentos diariamente.
Ela faleceu em 13 de junho de 2012 e seu funeral foi celebrado três dias depois em Roma, na igreja Santa Francesca Romana.
O então Vigário Geral da Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, disse aos presentes que "o que Deus preparou através dela é algo que não podemos perder".
Confira também:
Mãe com câncer terminal comove o Papa com sua história http://t.co/d7o59e4G
— ACI Digital (@acidigital) 4 de maio de 2012