TOKIO, 7 de ago de 2018 às 11:00
Por ocasião do 73º aniversário do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, em 6 de agosto, o presidente da Conferência Episcopal Japonesa (CBCJ), Dom Joseph Mitsuaki Takami, manifestou a sua preocupação pela ameaça que representa a posse de armas nucleares.
No dia 6 de agosto de 1945, Festa da Transfiguração, caiu sobre Hiroshima a bomba "Little Boy" lançada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e que provocou a morte de mais de 140 mil pessoas, deixou mais de 70 mil feridos e grande parte da cidade foi destruída.
Aconteceu a mesma coisa com a cidade de Nagasaki três dias depois.
Em sua mensagem publicada no site da CBCJ, Dom Takami afirmou que "a paz e a proteção dos direitos humanos foi um desejo universal".
Entretanto, "os graves conflitos regionais, o terrorismo, a ameaça de armas nucleares, os problemas dos refugiados, as diversas formas de discriminação, as disparidades econômicas e os atritos continuam ameaçando a paz dos povos ao redor do mundo", expressou o também Arcebispo de Nagasaki.
Manifestou que "a ideia de que as armas nucleares são necessárias para dissuadir é forte. Entretanto, a posse de armas nucleares é responsável pela corrida armamentista que inevitavelmente leva à dependência econômica da indústria de armas e da demanda militar, e dá forma à política".
"A dissuasão é uma tentativa de manter a paz por meio das armas, mas ao aumentar ainda mais fatores de conflito como a hostilidade, a desconfiança mútua e os conflitos de interesses, vão se desmantelando alicerces da reconciliação, da paz e da compreensão mútua", assinalou.
"Os problemas urgentes que o mundo enfrenta (meio ambiente, imigrantes, refugiados, disparidades de riqueza e pobreza) nascem da teoria da dissuasão e das suas instituições econômicas desequilibradas", continuou o presidente da CBCJ.
O Prelado recordou que, no final de 2017, o Papa Francisco pediu para divulgar a fotografia de uma criança ante um crematório com o corpo de seu irmão morto pela bomba atômica em Nagasaki, "para transmitir a sua forte convicção de que nunca devemos recorrer à guerra".
Também indicou que o Vaticano está entre os onze estados que ratificaram o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, adotado pela ONU em julho de 2017.
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Dom Takami assinalou que a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus e que Ele "nos deu a missão de construir a solidariedade através da reconciliação e do amor mútuo. Com base nessa convicção, tentemos utilizar a informação para dizer a verdade com amor, para fortalecer-nos mutuamente e criar laços".
"Fiquemos sempre atentos à situação no mundo, especialmente na Ásia Oriental, e rezemos para que os políticos continuem com o diálogo paciente para buscar os benefícios mútuos e paz, em vez dos seus próprios interesses", concluiu a sua mensagem.
Visita de São João Paulo II a Hiroshima
Em 25 de fevereiro de 1981, São João Paulo II visitou o Parque Memorial da Paz de Hiroshima e assegurou em seu discurso que "a guerra é obra do homem. A guerra é a destruição da vida humana. A guerra é morte".
“Inclino a cabeça quando recordo os milhares de homens, mulheres e crianças que perderam a vida num momento terrível, e aqueles que por longos anos trouxeram no corpo e na mente os germes de morte que inexoravelmente continuaram o seu processo de destruição. O balanço definitivo daquela tragédia não foi ainda inteiramente traçado nem foi ainda calculado todo o custo humano pago, sobretudo considerando aquilo que a guerra nuclear provocou e poderá ainda provocar nas nossas ideias, nos nossos comportamentos e na nossa civilização”, expressou o Pontífice polonês.
Também assinalou que "a humanidade é obrigada a resolver diferenças e conflitos por meios pacíficos" e disse que recordar o bombardeio de Hiroshima "é abominar a guerra nuclear".
"Recordar Hiroshima é assumir um compromisso pela paz", afirmou.
Confira também:
O Milagre de Hiroshima: Jesuítas sobreviveram à bomba atômica graças ao Rosário https://t.co/gz9J81I87B
— ACI Digital (@acidigital) 6 de agosto de 2018