Buenos Aires, 13 de ago de 2018 às 16:30
Pablo Bodean é um jovem argentino que, no contexto do debate sobre o projeto do aborto livre, comoveu milhares de pessoas ao agradecer a sua mãe biológica por não abortá-lo, mas entregá-lo em adoção.
Bodean, que tem 28 anos, disse ao jornal ‘Clarín’ que a sua mãe tinha 19 anos quando engravidou e não tinha dinheiro para sustentá-lo.
"A minha mãe biológica me deixou em um hospital, porque a sua mãe disse para ‘não voltar com isso para casa’. Disse para abortá-lo ou deixá-lo. A minha mãe biológica seguiu com a gravidez", contou.
Na cidade de Aldo Bonzi, na província de Buenos Aires, havia um casal que “não podia ter filhos. Durante o processo de adoção, o tema estava sendo complicado e demorava muito tempo, pelos documentos e todo o tema judicial”.
"A minha avó (adotiva), que era enfermeira do Hospital Muñiz me encontrou. Comentou aos meus pais (adotivos) que havia um bebê que queriam entregar para adoção", continuou.
Bodean garantiu ao jornal ‘Clarín’ que seus pais adotivos sempre disseram a verdade, quem era a sua mãe e onde ela vivia.
Entretanto, "eu não me sentia preparado para ver o seu rosto. Eu tinha medo. Tinha que estar preparado para receber um rechaço, que me dissesse: 'Não, você não é o meu filho'".
Comentou que, "com o tempo, com a ajuda dos meus pais, dos meus amigos e de Deus, consegui perdoar aquela mulher".
Bodean participa desde os 11 anos de idade de um grupo evangélico. Também trabalha em uma empresa química e ajuda os necessitados.
Além disso, luta para que melhorarem as leis de adoção, “porque atualmente é muito complicado, exigem muitas coisas e há muitos bebês na lista de espera. Querem ser adotados, mas não podem".
"Há uma armadilha do governo, do Estado, e agora saiu este tema do aborto, dos 'fetos', como elas dizem", disse ao jornal sobre as mulheres que são a favor da legalização do aborto. Elas "odeiam os homens, como eu odiava as mulheres", contou.
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Recordou que "na adolescência, eu me apaixonava por uma jovem e depois a deixava, porque pensava que nenhuma outra mulher iria me abandonar". Atualmente está casado e vive na cidade de Tigre, localizada a 28 quilômetros da cidade de Buenos Aires.
Alguns anos depois, curou as suas feridas emocionais "com a ajuda de Deus".
Desde meados de junho, quando o projeto do aborto livre foi debatido na Câmara dos Deputados, Pablo Bodean acampava todas as quartas-feiras em frente ao Congresso para defender a vida do nascituro, porque "em qualquer manual de ciência básica diz que há vida a partir da concepção".
Indicou que “contei aos meus chefes a minha história de vida e me apoiaram".
“Mesmo que, ao menos uma vida for mudada, esta marcha vale a pena”, comentou antes do anúncio, na madrugada do dia 9 de agosto, que o Senado argentino rechaçou o projeto de aborto livre.
Dos 72 senadores, 38 votaram contra a despenalização do aborto, 31 votaram a favor, dois se abstiveram e houve uma ausência.
O projeto de lei buscava permitir o aborto livre até a 14ª semana de gravidez e até os nove meses de gestação em casos de violação, de risco à saúde da mãe e inviabilidade do feto. Além disso, proibia a objeção de consciência institucional.
Com este resultado, o projeto foi fechado definitivamente neste ano legislativo e só poderia ser reaberto a um debate parlamentar em 2019.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) 13 de agosto de 2018