Curitiba, 14 de ago de 2018 às 12:00
Aos dois meses de gestação, Ana Beatriz Frecceiro Schmidt descobriu que estava com câncer de mama e foi recomendada pelos médicos a tirar o seu bebê; entretanto, decidiu seguir com a gravidez e fazer seu tratamento e hoje sua filha está saudável aos seis meses de vida.
Beatriz, ou Bia, como é apelidada, é a protagonista de um testemunho pró-vida que viralizou no Facebook na semana passada, quando os ministros do STF discutiam a ampliação da despenalização do aborto.
Ela é de Curitiba (PR) e como relatou no seu perfil nesta rede social, descobriu que estava com câncer em 19 de junho de 2017. Após amamentar o filho de apenas nove meses, apalpou o seio para ver se havia algum leite empedrado. Foi quando achou “uma bolinha”. Na época, ela já sabia que outro bebê estava a caminho. Bia estava grávida de dois meses. Após uma ecografia e uma biópsia, recebeu o diagnóstico: era um câncer de mama.
Porém, conforme recordou em entrevista a ACI Digital, no mesmo dia em que pegou o resultado, faleceu a avó de seu esposo, a quem ambos eram “muito ligados”. “Então, toda a minha atenção se voltou para o falecimento dela. Fomos ajudar minha sogra, liberar o corpo no hospital, ver o velório. Acabei nem tendo tempo de ter uma reação. Depois de uns cinco dias que ficamos voltados para isso e apoiando minha sogra, eu já estava acostumada com a ideia de ter câncer”, relatou.
Ana Beatriz explicou que o câncer em si não estava ligado diretamente à sua gravidez. “Não foi por causa da gestação que tive câncer”, ressaltou. Entretanto, “como o tipo de tumor que eu tive era hormonal – e a maioria é realmente hormonal –, a gravidez fez com que ele se desenvolvesse mais rápido”.
“Por isso – indicou –, eu descobri mais rápido, logo no começo. Se eu não estivesse grávida, talvez quando eu descobrisse, ele já estivesse em metástase”.
Mas, “como era hormonal e a gravidez é uma “bomba de hormônios”, os médicos queriam que eu tirasse minha bebê”, contou, ao destacar que ela estava no início da gestação e, por isso, ainda “tinha muito hormônio pela frente e os médicos não queriam que eu ficasse grávida e com câncer”.
A resposta de Ana Beatriz, porém, foi em defesa da vida de sua filha. “Eu decidi seguir com a gravidez, porque sou contra o aborto, eu acredito na vida, acredito no amor”, declarou.
“Eu jamais iria sacrificar a vida da minha filha para salvar a minha vida. Eu acho que todas as vidas têm o mesmo valor e jamais iria matar a minha filha para me salvar. Não ia conseguir viver com isso”, afirmou.
“Falei para todo mundo, ou íamos viver juntas, ou morreríamos juntas, mas não ia me separar dela, sacrificá-la, matá-la para me salvar. Então, eu lutei por nós duas e nós duas sobrevivemos”, testemunhou.
Ainda durante a gestação, Beatriz começou o tratamento contra o câncer. “Primeiro, fiz a mastectomia, que foi um pouco mais complicado, porque eu senti muito dor no pós-operatório”, contou.
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Por estar grávida, Beatriz não podia tomar remédios fortes para conter a dor. “Não pude tomar anti-inflamatório, teve que ser na raça!”, recordou.
Entretanto, assinalou que era “consciente disso”. “Eu não tinha como esperar ela nascer para fazer o tratamento, porque estava no começo da gravidez e era muito hormônio no meu corpo. Então, tinha que me tratar grávida mesmo”.
Depois, quando estava com seis para sete meses de gravidez, começou a quimioterapia, período que descreveu como “tranquilo”. “Eu não sentia enjoo, não sentia nada. Muito pelo contrário, fazer a quimioterapia grávida me deu muita força. Como eu sabia que estava lutando por mim e por ela, tinha que ficar muito forte por nós duas”.
Durante todo este período, Beatriz encontrou seu sustento em Deus. “Eu sou cristã e tenho certeza de que foi minha força em Deus que me manteve de pé. Eu nunca perdi a fé, nunca me desesperei ou pensei que eu e Louise fôssemos morrer”.
“Eu tenho uma fé muito forte em Deus e na vida. Sei que Deus tem um propósito na minha vida e na da Louise, sei que ela foi um presente de Deus para mim. Todo tempo, toda essa parte difícil que passei, sabia que Deus estava comigo, me sustentando, me amparando”, garantiu.
Passado tudo isso, em 24 de janeiro de 2018, a pequena Louise nasceu de parto normal, um momento de grande conquista para esta mãe. “Na hora que ela saiu de dentro de mim e veio para o meu colo, eu chorava de gratidão, de alegria, de alívio. Vê-la gordinha, saudável, viva, tão perto de mim, ali no meu colo, sentir o cheirinho dela foi inexplicável, sensação de vitória”.
Hoje, Louise já está com seis meses, muito “saudável, um bebezinho feliz, é uma bênção, não chora, é risonha”, assinalou a orgulhosa mãe.
Ana Beatriz terminou as sessões de quimioterapia no mês passado “Meu cabelo está voltando a crescer. Eu faço tratamentos como a hormonioterapia, que me deixa um pouco cansada e me dá alguns efeitos colaterais, como dor no corpo. Mas, estou aprendendo a lidar com isso”, relatou.
“Ainda tenho umas cirurgias para fazer, para concluir esse processo. Mas, a parte mais difícil, que era a quimioterapia, eu já terminei. Sempre falo, quem fez quimioterapia grávida, faz qualquer coisa, essa parte agora de hormonioterapia, vou tirar de letra. Eu tive câncer, mas o câncer nunca me teve”, concluiu.
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Disseram-lhe que tinha câncer e que deveria abortar, mas se negou e recebeu um “milagre” https://t.co/LDLnKOwYeF
— ACI Digital (@acidigital) 5 de abril de 2017