WASHINGTON DC, 20 de ago de 2018 às 15:00
Um autor homossexual explicou por que um homem como ele, que sente atração por pessoas do mesmo sexo, não pode ser ordenado sacerdote na Igreja Católica.
Daniel C. Mattson, autor do livro “Why I Don't Call Myself Gay: How I Reclaimed My Sexual Reality and Found Peace” (Por que não me chamo gay: Como recuperei a minha identidade sexual e encontrei a paz) explicou duas razões pelas quais acredita que alguém como ele não deve ser ordenado sacerdote da Igreja Católica.
Em um artigo intitulado "Por que os homens como eu não devem ser sacerdotes?", publicado na revista ‘First Things’ em 17 de agosto, Mattson explica que "a primeira razão é que para os homens com tendências homossexuais é especialmente difícil viver o que exige a castidade".
"A grande maioria dos escândalos na Igreja desde 2002 envolvem sacerdotes homossexuais que falham gravemente contra a castidade. Isso não me surpreende. A castidade – e tenho certeza disso – é muito mais difícil para os homens com inclinações homossexuais do que para os outros", ressaltou.
Em seguida, Mattson cita o sacerdote e doutor em psicologia James Lloyd, que trabalhou com homens homossexuais, incluindo sacerdotes, durante mais de 30 anos, o qual afirma: "É muito claro a partir da evidência clínica que a energia psíquica necessária para conter os desejos homossexuais é muito maior do que conter desejos heterossexuais".
Para Mattson, "se a Igreja quer evitar escândalos sexuais, deve deixar de ordenar homens que têm muitas dificuldades para permanecer castos".
"O segundo problema está diretamente ligado ao primeiro. Se um sacerdote não se rege pelo ensinamento da Igreja em sua própria vida, também não ensinará aos seus fiéis a segui-lo se não acredita que se aplica a si mesmo".
Para dar um exemplo disto, o autor relata uma experiência que teve quando se confessou em 2009 por haver tido um encontro sexual anônimo com outro homem: "Cheio de remorsos, fui me confessar e, surpreendentemente, o sacerdote (que não o conhecia) disse que ter relações com outro homem não era pecado e, além disso, me incentivou a procurar um namorado comentando que 'a Igreja mudará'".
Quando contou isso aos seus amigos, comentaram que todos sabiam que este sacerdote era homossexual.
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Para Mattson, "como os escândalos sexuais da Igreja em sua maioria são de homossexuais, a Igreja não pode se arriscar a ordenar homens com inclinações gays achando que essas inclinações possam ser temporárias. A Igreja precisa de homens com maturidade, seguros da sua identidade e prontos para ser pais espirituais. Amo a Igreja, mas não sou o tipo de homem que a Igreja precisa como sacerdote".
O escritor recordou a instrução do Vaticano de 2005, na qual se estabelece que um homem homossexual não pode ser ordenado sacerdote, algo que não era novo, pois em 1961 a Santa Sé fez uma declaração semelhante.
“Este ensinamento não me ofende. Na verdade, eu concordo com isso. Se a Igreja tivesse obedecido aos conselhos de 1961 e 2005, não estaríamos lendo atualmente as manchetes chocantes: ‘Seminário St. John investigado por má condutas sexuais’, ‘Vítimas contam os horrores dos abusos sexuais em um seminário chileno’, ‘Seminaristas hondurenhos denunciam má conduta homossexuais’, ‘Gerdarmeria Vaticana intervém orgia gay na casa de um assistente de um cardeal’, ‘Homem afirma que o Cardeal McCarrick, seu tio Ted, abusou sexualmente dele’”.
Depois de lamentar que o relatório recente da Pensilvânia traz muitos abusos cometidos com crianças e adolescentes, Mattson sublinhou que "se a Igreja se põe firme a fim de colocar fim aos escândalos sexuais, então precisa admitir que tem um problema com os sacerdotes homossexuais e deve deixar de ordenar homens com tendências homossexuais evidentes".
Ao concluir, Mattson recorda o que disse em maio deste ano o Papa Francisco aos bispos italianos, “se houver dúvida sobre a homossexualidade, é melhor que não entrem no seminário". "Rezemos para que os bispos dos Estados Unidos e do mundo inteiro escutem este sábio conselho".
Confira também:
Papa Francisco envia carta aos fiéis condenando “atrocidades” de abusos sexuais https://t.co/zJJbgYzxIv
— ACI Digital (@acidigital) 20 de agosto de 2018