DUBLIN, 25 de ago de 2018 às 09:00
O Bispo Auxiliar do Patriarcado da Babilônia, Dom Shelmon Warduni, classificou de “um fato terrível” o fato de que a delegação iraquiana não possa participar do Encontro Mundial das Famílias (EMF) porque o governo da Irlanda lhes negou visto para ingressar no país.
Em declarações a ‘Asia News’, o Prelado indicou que “estavam prontas para partir ao menos50 pessoas, 20 pessoas no total provenientes de Ankawa (no Curdistão iraquiano), Bagdá e Basora”.
“Era uma delegação que unida idealmente todo o país e teria sido importante falar de família, confrontar-se com outras realidades. A família é o núcleo fundamental para a Igreja e a sociedade, não estar presente é algo muito ruim, terrível”, lamentou.
Dom Warduni afirmou que esta não é a primeira vez que uma delegação do Iraque não pode participar de um EMF, pois também não puderam viajar para o evento que aconteceu na Filadélfia (Estados Unidos), em 2015.
Naquela ocasião, expressou o Prelado iraquiano, “nos disseram que eram necessários meses para sua concessão (do visto) e não foi possível sequer obter o passe livre através do visto eletrônico”.
“Fizemos os trâmites na embaixada da Irlanda, mas não obtivemos respostas positivas. É terrível que até os cristãos não concedam o visto a outros cristãos. Não somos fanáticos, nem terroristas... para verificar teria bastado um telefonema às embaixadas e aos ministérios”, lamentou Dom Warduni.
Embora estejam longe do EMF que acontece em Dublin até 26 de agosto, “os cristãos iraquianos se unirão idealmente aos fiéis de todo o mundo, para que possamos sempre contar com uma família sã e santa, que saiba cumprir a vontade de Deus”.
Sobre a família no Iraque, Dom Wardui assinalou que é “uma realidade ainda compacta, que se apoia sobre o amor entre os cônjuges. Entretanto, os novos desafios postos pela emigração, pela falta de trabalho, por uma baixa escolarização representam um risco para o núcleo fundante da sociedade”.
Também denunciou a ‘Asia News’ que “o governo e o parlamento não lhe deram a devida atenção” e que são necessárias políticas para ajudar o desenvolvimento da família, partindo “do direito a uma instrução de qualidade já desde pequenos”.
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A delegação do Iraque não é a única que não pôde viajar ao EMF na Irlanda. O país europeu também negou o visto a fiéis e religiosos do Paquistão.
O pároco da igreja do Bom Pastor em Karachi, Pe. Anthony Abraz, explicou a ‘Asia News’ que “o escritório de vistos não encontrou provas suficientes que deem conta de obrigações familiares, sociais e econômicas ou de outro tipo que focem a regressar ao Paquistão depois da estadia na Irlanda”.
Um católico paquistanês identificado como Samuel Sarfraz vendeu um terreno para conseguir as 300.000 rupias (cerca de 2.400 dólares) para realizar os trâmites dos vistos para sua família, incluindo três filhos.
“Esta é uma conspiração para tirar dinheiro de pessoas que já são marginalizadas em um país de população majoritariamente muçulmana. Se a política era rechaçar todos os paquistaneses, por que aplicaram taxas para a tramitação do visto para o encontro mundial? Só queríamos ver nosso amado Santo Padre, o rechaço influência nossas perspectivas de visitar qualquer país europeu no futuro”, lamentou Sarfraz.
O site ‘The Henley Passport Index’, que tem uma lista de todos os passaportes do mundo e seus benefícios ou problemas que representam ao viajar, revelou este ano que Iraque e Paquistão estão entre os cinco países cujos passaportes são os menos aceitos no exterior.
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— ACI Digital (@acidigital) 24 de agosto de 2018