CARACAS, 29 de ago de 2018 às 11:00
O Arcebispo Emérito de Maracaibo (Venezuela), Dom Ubaldo Santana, denunciou que a migração de milhões de pessoas para fugir da crise no país "é o grito desesperado de protesto" do povo que não quer perder a sua dignidade.
Através de sua conta no Twitter, o Prelado se referiu à emigração em massa de venezuelanos.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, e o diretor da Organização Internacional para os Migrantes, William Lacy Swing, estimam que 2,3 milhões de venezuelanos vivem fora do seu país, dos quais, cerca de 1,6 milhão saíram do país a partir de 2015.
Nos últimos dias aumentou a migração de venezuelanos para Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Chile e Argentina. Muitos se mobilizam a pé para fugir da crise humanitária que atinge a Venezuela.
"A migração em massa de milhões de venezuelanos é o grito desesperado de protesto de um povo oprimido, escravizado e condenado à morte para sobreviver, não perder a sua dignidade e reclamar ante as nações os seus direitos fundamentais violados", expressou Dom Santana em 26 de agosto.
La masiva emigración de millones de venezolanos es el grito desesperado de protesta de un pueblo oprimido, esclavizado y condenado a muerte para sobrevivir, no perder su dignidad y reclamar ante las naciones sus derechos fundamentales conculcados.
— Mons. Ubaldo Santana (@MonsUbaldo) 27 de agosto de 2018
Diante desta situação, o Prelado agradeceu a solidariedade das dioceses fronteiriças de Cúcuta e Riohacha, na Colômbia, e de Boa Vista, no Brasil, para com os milhares de pessoas que chegam diariamente a estes países.
"É extraordinário o trabalho realizado pelas dioceses na fronteira de Cúcuta, Riohacha, na Colômbia, e em Boa Vista, no Brasil, e através da Cáritas e de outras organizações humanitárias para atender os migrantes venezuelanos. Eternamente gratos", escreveu Dom Santana.
Es extraordinario el trabajo realizado por las diócesis fronterizas de Cúcuta, Riohacha en Colombia y Boa Vista en Brasil a través de Cáritas y otras organizaciones humanitarias para atender a los emigrantes venezolanos. Eternamente agradecidos.
— Mons. Ubaldo Santana (@MonsUbaldo) 18 de agosto de 2018
Nesse sentido, a Diocese de Cúcuta assinalou que continua "realizando esforços a fim de ajudar estes milhares de migrantes venezuelanos que saem do seu país fugindo" e que "procuram chegar às cidades colombianas ou também chegar a outros países".
“Pelas principais estradas do território nacional circulam diariamente venezuelanos que estão à procura de um futuro melhor, caminham a pé e com poucas coisas, a outras cidades da Colômbia e de países como Equador e Peru. Durante o percurso são expostos a suportar baixas e altas temperaturas, fome, cansaço, fadigas, causando-lhes problemas de saúde”, expressou.
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Foto: Centro de Comunicações da Diocese de Cúcuta
" Pe. Nelson Rozo, vigário da paróquia São Rafael, contou que se dirigiram à Via Bucaramanga, onde se encontram com grupos de 5, 10 e até 20 pessoas e lhes entregam um kit de alimentos, o qual recebem agradecidos”, informou a diocese colombiana.
O sacerdote disse que "as pessoas são gratas e ficamos tristes de ver idosos, crianças pálidas; mas pedimos a Deus que tenha misericórdia deles e, embora não seja muito, em algo podemos ajudar".
Por sua parte, a Arquidiocese de Piura e Tumbes, no norte do Peru, informou que também continuam trabalhando para ajudar cerca de 1.600 venezuelanos que cruzam diariamente a fronteira com o Equador.
Foto: Arquidiocese de Piura
O Arcebispo local, Dom José Antonio Eguren, pediu aos fiéis para acolher "com gestos concretos de fraternidade os irmãos venezuelanos", com "um coração e um olhar de misericórdia para com nossos irmãos".
Do mesmo modo, Cáritas Piura, junto com instituições públicas e privadas, organizou uma série de oficinas informativas para "proteger os direitos dos nossos irmãos migrantes". "Falaram sobre temas relacionados ao trabalho, ao acesso à saúde, à educação, à situação migratória, entre outros", indicou a Arquidiocese.
Além disso, as paróquias de Piura e Tumbes se organizaram para oferecer "atendimento espiritual, abrigo, alimentos e serviços de saúde" aos migrantes venezuelanos.
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— ACI Digital (@acidigital) 24 de agosto de 2018