RIO DE JANEIRO, 1 de set de 2018 às 18:30
O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, publicou na sexta-feira, 31 de agosto, uma carta de solidariedade ao Papa Francisco, frente à recente repercussão de casos de abusos e encobrimento por parte do clero.
“Com filial reverência, dirijo-me, muito cordialmente, a V. Santidade a fim de lhe expressar, mais especialmente, minha proximidade, comunhão e oração ante notícias midiáticas sensacionalistas recentes que parecem visar a desestabilização da unidade da Igreja, atingindo, inclusive, o maior sinal visível dessa unidade, que é o ministério petrino no qual, hoje, serve V. Santidade, querido Papa Francisco”, inicia a missiva.
Assim, o Arcebispo faz referência à divulgação em 25 de agosto de um testemunho do ex-núncio nos Estados Unidos, Dom Carlo Maria Viganò, o qual afirmou que vários sacerdotes, bispos, cardeais e inclusive o Papa Francisco sabiam dos abusos do ex-cardeal Theodore McCarrick e agiram com negligência ou o encobriram.
Dom Viganò diz ainda que, em 2013, o Papa Francisco teria retirado as sanções supostamente impostas por Bento XVI a McCarrick.
Em sua carta, Dom Orani afirma ter “a certeza da fé que Cristo, Nosso Senhor escolheu Pedro – e seus sucessores – para estar à frente da Sua Igreja e confirmar seus irmãos na fé”.
Ao citar alguns santos e historiadores, o Purpurado afirma que “não há dúvida de que Pedro foi o escolhido pelo Senhor para conduzir a Igreja, enquanto bispo de Roma”.
Entretanto, o Arcebispo indica que “é certo haver alguns que, tentando fundamentar-se em Gl 2,11-14, tenham a pretensão de resistir, hoje, ao Papa ou mesmo de enfrentá-lo como se o referido trecho bíblico lhes desse aval”.
“Na verdade – ressalta –, não compactuamos com tal postura, por duas grandes razões: 1) pela Escritura e pela Tradição, como vimos, não é possível servir a Cristo, em Sua Igreja, sem estar em plena comunhão com o Sucessor de Pedro. 2) podemos observar que, em suas cartas, São Paulo, longe de se opor, conserva sempre especial respeito pela pessoa de São Pedro”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Além disso, o Dom Orani recorda que “todos os Papas, de um ou de outro modo, sofreram críticas e perseguições, nem João Paulo I, em apenas 33 dias de Pontificado, escapou da sanha acusatória”.
“Se perseguiram o Mestre com toda sorte de sofrimentos físicos e morais, com seus ministros não será diferente, em graus diversos, de modo que tais sofrimentos toquem também os que mais estão perto”, acrescentou.
Nesse sentido, afirma que “só Deus e os verdadeiros irmãos podem estar próximos de nós nas horas em que somos traídos por um dos 12, um dos membros do Colégio Apostólico”. “Foi a triste realidade a que o Senhor esteve submisso. Conosco não é, nem poderia ser, diferente. Carregamos um pouco da Cruz de Cristo!”, diz.
O Arcebispo do Rio de Janeiro também pede que o Pontífice transmita “minha afetuosa e fraterna proximidade ao meu irmão no Episcopado e no Colégio Cardinalício, Sua Eminência, o Senhor Cardeal Pietro Parolin, DD., secretário de Estado de Vossa Santidade. Esteja ele certo de minha oração e amizade”.
A carta completa pode ser lida AQUI.
Confira também:
Bispos do Regional Nordeste 3 da CNBB expressam apoio ao Papa Francisco https://t.co/ANBJ1PFaXG
— ACI Digital (@acidigital) 31 de agosto de 2018