O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, publicou na sexta-feira, 31 de agosto, uma carta de solidariedade ao Papa Francisco, frente à recente repercussão de casos de abusos e encobrimento por parte do clero.

“Com filial reverência, dirijo-me, muito cordialmente, a V. Santidade a fim de lhe expressar, mais especialmente, minha proximidade, comunhão e oração ante notícias midiáticas sensacionalistas recentes que parecem visar a desestabilização da unidade da Igreja, atingindo, inclusive, o maior sinal visível dessa unidade, que é o ministério petrino no qual, hoje, serve V. Santidade, querido Papa Francisco”, inicia a missiva.

Assim, o Arcebispo faz referência à divulgação em 25 de agosto de um testemunho do ex-núncio nos Estados Unidos, Dom Carlo Maria Viganò, o qual afirmou que vários sacerdotes, bispos, cardeais e inclusive o Papa Francisco sabiam dos abusos do ex-cardeal Theodore McCarrick e agiram com negligência ou o encobriram.

Dom Viganò diz ainda que, em 2013, o Papa Francisco teria retirado as sanções supostamente impostas por Bento XVI a McCarrick.

Em sua carta, Dom Orani afirma ter “a certeza da fé que Cristo, Nosso Senhor escolheu Pedro – e seus sucessores – para estar à frente da Sua Igreja e confirmar seus irmãos na fé”.

Ao citar alguns santos e historiadores, o Purpurado afirma que “não há dúvida de que Pedro foi o escolhido pelo Senhor para conduzir a Igreja, enquanto bispo de Roma”.

Entretanto, o Arcebispo indica que “é certo haver alguns que, tentando fundamentar-se em Gl 2,11-14, tenham a pretensão de resistir, hoje, ao Papa ou mesmo de enfrentá-lo como se o referido trecho bíblico lhes desse aval”.

“Na verdade – ressalta –, não compactuamos com tal postura, por duas grandes razões: 1) pela Escritura e pela Tradição, como vimos, não é possível servir a Cristo, em Sua Igreja, sem estar em plena comunhão com o Sucessor de Pedro. 2) podemos observar que, em suas cartas, São Paulo, longe de se opor, conserva sempre especial respeito pela pessoa de São Pedro”.

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Além disso, o Dom Orani recorda que “todos os Papas, de um ou de outro modo, sofreram críticas e perseguições, nem João Paulo I, em apenas 33 dias de Pontificado, escapou da sanha acusatória”.

“Se perseguiram o Mestre com toda sorte de sofrimentos físicos e morais, com seus ministros não será diferente, em graus diversos, de modo que tais sofrimentos toquem também os que mais estão perto”, acrescentou.

Nesse sentido, afirma que “só Deus e os verdadeiros irmãos podem estar próximos de nós nas horas em que somos traídos por um dos 12, um dos membros do Colégio Apostólico”. “Foi a triste realidade a que o Senhor esteve submisso. Conosco não é, nem poderia ser, diferente. Carregamos um pouco da Cruz de Cristo!”, diz.

O Arcebispo do Rio de Janeiro também pede que o Pontífice transmita “minha afetuosa e fraterna proximidade ao meu irmão no Episcopado e no Colégio Cardinalício, Sua Eminência, o Senhor Cardeal Pietro Parolin, DD., secretário de Estado de Vossa Santidade. Esteja ele certo de minha oração e amizade”.

A carta completa pode ser lida AQUI.

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