Vaticano, 4 de set de 2018 às 18:00
O conflito civil em andamento, uma viagem desejada que ainda não foi realizada e o fortalecimento da presença da Santa Sé com o estabelecimento de uma nunciatura residencial fizeram parte do tema da visita ad limina dos bispos do Sudão do Sul ao Papa Francisco.
O Santo Padre recebeu ontem no Vaticano nove bispos do país africano e quatro sacerdotes que lideram as dioceses do Sudão do Sul. Também estiveram presentes alguns prelados eméritos pela importância da visita.
O Sudão do Sul é o Estado mais jovem do mundo. Nasceu em 9 de julho de 2011, seis meses após o referendo que consagrou a independência do Sudão árabe e muçulmano.
Mas isso não melhorou a situação do país, pois os conflitos internos entre os grupos étnicos, provocados principalmente pelas diferenças entre o sul do país, verde e fértil, com muitos recursos naturais, e o norte que, sem recursos, conseguiu explorar os recursos do sul.
Não existe apenas a eterna luta entre o norte e o sul. Há pelo menos 64 grupos étnicos diferentes no país, mas o conflito interno ocorre principalmente entre os grupos étnicos Dinka e Nuer, que representam a maioria da população.
Em agosto de 2015, chegaram a um acordo de paz, mas a trégua não durou muito tempo. Aproximadamente 4 milhões de pessoas, um terço da população oficial do Sudão do Sul, deixaram seus lares e suas terras.
A economia está colapsando, a inflação ultrapassa 361%, muitos hospitais e escolas fecharam. A Igreja é a única instituição nacional que trabalha seriamente pela mediação, reconciliação e pela paz do povo sudanês, escreveu Pe. Andrew Rusatsi em ‘La Civiltà Cattolica’.
Muitas iniciativas foram tomadas: o Papa doou 500 mil euros para dois hospitais combonianos católicos e duas escolas e proclamou um dia de oração pela paz para o Congo e o Sudão do Sul em 23 de fevereiro.
A hierarquia católica está presente no território com sete dioceses, a metropolitana de Juba e seis sufragâneas. A evangelização do território começou no século XIX, com a criação do vasto vicariato apostólico da África Central, e os missionários combonianos conseguiram entrar no território. Durante o período da colônia anglo-egípcia, o território foi dividido em áreas católicas e áreas anglicanas, e os missionários de diferentes denominações cristãs não podiam entrar no território de outros.
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Quando Karthoum conquistou a sua independência, as fronteiras foram eliminadas. Mas a guerra entre 1881 e 1898 levou à destruição das missões cristãs, enquanto em 1954 os missionários estrangeiros foram expulsos.
Entretanto, os Missionários Combonianos permaneceram em uma situação difícil, especialmente devido à guerra com o Sudão. Em 2005, com a conquista da paz, a Igreja no Sudão do Sul foi reorganizada, os bispos voltaram para suas casas e iniciaram um trabalho de estímulo para o processo de paz que levou ao referendo de 2011.
A partir de 22 de fevereiro de 2013, a Santa Sé e o Sudão do Sul estabeleceram relações diplomáticas e o Papa estabeleceu a nunciatura apostólica através da Bula Quo Firmiores de 1º de maio de 2013.
Charles Daniel Balvo, núncio no Quênia e observador nas organizações da ONU com sede em Nairóbi, também é núncio no Sudão do Sul. O assentamento da nunciatura é, portanto, no Quênia. A atenção da Santa Sé ao conflito no Sudão do Sul é constante e Francisco também havia anunciado o desejo de viajar ao país, provavelmente acompanhado pelo primaz anglicano Justin Welby.
O primeiro passo na criação de uma nunciatura no país devastado em 2013 por uma guerra civil foi anunciado no início de junho pela Conferência Episcopal no Sudão do Sul. O Papa nomeou Monsenhor Marco Kedima, da diocese de Kakamega, no Quênia, como Conselheiro da Nunciatura Apostólica no Sudão do Sul.
Confira também:
A paz no Sudão do Sul, uma prioridade para o Papa Francisco https://t.co/CY3dZ472e8
— ACI Digital (@acidigital) 22 de junho de 2017