MADRI, 6 de set de 2018 às 18:00
O sacerdote canadense Brian Kolodiejchuk acompanhou Madre Teresa durante 20 anos, foi o postulador de sua causa de canonização e conheceu de perto a “noite escura” pela qual passou a querida religiosa por quase 50 anos.
Em uma entrevista concedida ao semanário católica ‘Alfa y Omega’, publicada neste dia 6 de setembro, Pe. Kolodiejchuk explicou que “o sofrimento que Madre Teresa experimentava nem as irmãs mais próximas conheciam, mas apenas seus diretores espirituais. Na verdade, essa noite escura manifesta uma particular união a Jesus. Alguns santos experimentaram algo parecido, como São Paulo da Cruz, Santa Joana de Chantal ou Santa Teresinha do Menino Jesus, que passou por esta noite escura durante 18 meses”.
Segundo afirma, esse tempo “é a preparação para uma purificação que todos temos que passar. É uma preparação para a união por Jesus, que no caso de Madre Teresa foi uma preparação apostólica, porque ela estava experimentando o mesmo que aqueles aos quais serviria depois: que a maior pobreza era o não se sentir amado, o estar sozinho” e assegura que “ela estava tão unida a Jesus que Ele podia compartilhar com ela sua maior dor, a dor do Getsêmani e da Cruz”.
Embora essa “noite escura” pudesse ser vista como um período de “falta de fé”, para Pe. Kolodiejchuk, foi “uma fé heroica, porque consiste em não poder experimentar a própria fé” e recorda que Madre Teresa escreveu em uma carta: “Se há um inferno, deve ser isso”.
Segundo explica o sacerdote, Madre Teresa “tinha uma união tão profunda com Jesus que era impossível viver sem uma oração forte. Ela rezava cerca de cinco horas por dia, entre a adoração, a Missa, a leitura espiritual e outras ocasiões. Rezava constantemente o terço e, com ele, meditava a vida de Jesus de uma maneira simples”.
“Não era uma mística de tipo teológico ou doutrinal, mas era uma especialista na ciência do amor”, assegura.
Além disso, Pe. Kolodiejchuk sublinhou que, embora em algumas ocasiões fosse mais conhecido o trabalho social que as Missionárias da Caridade faziam, “ela nunca escondia sua motivação: ‘fazemos por Jesus’, mas atraía da mesma forma crentes e não crentes. Tinha uma eco especial além da Igreja”.
O sacerdote explicou que Madre Teresa entendia a pobreza não só como algo material, mas como “o não se sentir amado, o sentir-se sozinho, embora seja rico e tenha muito dinheiro”.
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“Foi pioneira na atenção aos doentes de Aids, quando todo o mundo estava aterrorizado no começo desta doença. Ela percebia muito bem o rechaço desses enfermos por parte da sociedade e isso era o que a atraía para servir-lhes e atendê-los”, indicou na entrevista a ‘Alfa y Omega’.
Ainda segundo o sacerdote canadense, “a Igreja e o mundo são agora muito mais conscientes da presença dos pobres, de sua dignidade e de sua importância. mas, advertia também de que é preciso ir a Calcutá para encontrar os pobres, porque cada um pode encontra-los em sua próprias famílias”.
Além de ser “Um santa venerável”, é também uma santa “imitável”, porque, “na verdade, o que as missionárias e os missionários da Caridade fazem são precisamente coisas pequenas, como visitar alguém doente em sua casa, por exemplo. É algo que cada um de nós pode fazer, são coisas que estão dentro de nossas possibilidades”.
Pe. Kolodiejchuk assegura que Madre Teresa tinha um caráter forte e “talvez essa seja uma das razões pelas quais necessitava de tanta purificação”, mas afirma que “tinha a graça de combinar o ser firme e exigente com uma grande dose de compaixão e ternura pela debilidade humana”.
“Toda a escuridão que viveu lhe serviu para crescer em humildade, porque, apesar de ser tão conhecida, todo esse êxito não lhe afetava, pois ‘só quero ter Jesus e não o tenho’, como ela escreveu em suas cartas”.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) 30 de agosto de 2016