Vaticano, 14 de set de 2018 às 10:13
Durante a Missa celebrada na Casa Santa Marta na manhã de hoje, o Papa Francisco refletiu sobre o paradoxo da cruz, que é um sinal de derrota e vitória ao mesmo tempo.
“Não tenhamos medo de contemplar a cruz como um momento de derrota, de fracasso”, assinalou o Santo Padre. “Paulo, quando reflete sobre o mistério de Jesus Cristo, nos diz coisas fortes, nos diz que Jesus se esvaziou, aniquilo a si mesmo, assumiu todo o nosso pecado, todo o pecado do mundo: era um ‘trapo’, um condenado”.
“Paulo não teve medo de mostrar essa derrota e também isso pode iluminar um pouco nossos maus momentos, nossos momentos de derrota, mas também a Cruz é um sinal de vitória para nós cristãos”.
Para explicar melhor este paradoxo da Cruz, o Santo Padre mencionou o Livro dos Números, no qual narra o momento do Êxodo do povo de Israel do Egito à Terra Prometida, depois de permanecer no deserto durante 40 anos.
Nesse contexto, aconteceu algo que o Papa define como uma profecia da Cruz de Cristo. Em um momento de desespero, o povo de Israel começou a murmurar contra Moisés e contra Deus. Então, ocorreu uma infestação de serpentes que morderam muitos israelitas.
Francisco recordou que, desde os tempos antigos, a serpente simboliza Satanás, o Grande Acusador. Então, Deus manda Moisés colocar uma serpente de bronze como sinal sobre uma haste. Quando alguém era mordido por uma serpente, e olhava para a serpente de bronze, ficava curado, pois Deus disse a Moisés que elevaria a serpente que causou a morte para dar a salvação.
Para o Pontífice, esta é uma "profecia" que se refere diretamente à Cruz: "Jesus, feito pecado venceu o autor do pecado, venceu a serpente".
"Naquele momento, Satanás foi destruído para sempre. Não tem força. A Cruz, naquele momento, torna-se sinal de vitória”.
“A nossa vitória é a cruz de Jesus, vitória diante do nosso inimigo, a grande antiga serpente, o Grande Acusador”. Na cruz, “fomos salvos, naquele percurso que Jesus quis percorrer até o mais baixo, mas com a força da divindade”.
Além disso, recordou as palavras de Jesus a Nicodemos: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim”. Sublinhou: “Jesus elevado e satanás destruído. A cruz de Jesus deve ser para nós a atração: olhar para ela, porque é a força para continuar em frente”.
“E a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas, como diziam os Padres da Igrejas, é um cão acorrentado: não se aproxime e não morderá você; mas se você for acariciá-lo porque o encanto o leva até lá como se fosse um cachorrinho, prepare-se, ele destruirá você”.
Portanto, “A cruz nos ensina isso, que na vida há o fracasso e a vitória. Devemos ser capazes de tolerar as derrotas, levá-las com paciência, as derrotas, também dos nossos pecados, porque Ele pagou por nós”.
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O Pontífice concluiu a sua homilia com este pedido: “Hoje seria belo se em casa, tranquilos, ficarmos 5, 10, 15 minutos diante do crucifixo, ou o que temos em casa ou aquele do rosário: olhar para ele, é o nosso sinal de derrota, que provoca as perseguições, que nos destrói, é também o nosso sinal de vitória porque Deus venceu ali”.
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
João 3, 13-17
Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.
E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;
Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
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— ACI Digital (@acidigital) 13 de setembro de 2018