Depois de meses de preparação, começou em Roma nesta quarta-feira, 3 de outubro, a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional.

Em uma Praça de São Pedro cheia de fiéis, em frente à Basílica vaticana, e em um dia especialmente luminoso, o Papa Francisco presidiu a Missa de abertura do Sínodo, com grande solenidade e que se desenvolveu em grande parte em latim.

Em sua homilia, o Santo Padre incentivou os Padres Sinodais nos trabalhos que começarão na tarde de hoje e assegurou-lhes: “a Igreja olha-vos com confiança e amor”.

O Papa pediu aos Padres Sinodais “que trabalhemos por derrubar as situações de precariedade, exclusão e violência, a que está exposta a nossa juventude”.

“Fruto de muitas das decisões tomadas no passado, os jovens chamam-nos a cuidar, com maior empenho e juntamente com eles, do presente e a lutar contra aquilo que de algum modo impede a sua vida de crescer com dignidade”.

Assegurou que os jovens “pedem-nos e exigem-nos uma dedicação criativa, uma dinâmica inteligente, entusiasta e cheia de esperança, e que não os deixemos sozinhos nas mãos de tantos traficantes de morte que oprimem a sua vida e obscurecem a sua visão”.

Toda a homilia do Papa se articulou em torno da importância de que os Padres Sinodais se deixem guiar pelo Espírito Santo para o êxito do Sínodo.

O Papa invocou o Espírito Santo para que “nos dê a graça de ser Padres sinodais ungidos com o dom dos sonhos e da esperança, para podermos, por nossa vez, ungir os nossos jovens com o dom da profecia e da visão”

“Que nos dê a graça de ser memória operosa, viva e eficaz, que, de geração em geração, não se deixa sufocar e esmagar pelos profetas de calamidades e desgraças, nem pelos nossos limites, erros e pecados, mas é capaz de encontrar espaços para inflamar o coração e discernir os caminhos do Espírito”.

Recordou que “os nossos jovens serão capazes de profecia e visão, na medida em que nós, adultos ou já idosos, formos capazes de sonhar e assim contagiar e partilhar os sonhos e as esperanças que trazemos no coração”.

Pediu também que durante o Sínodo permanecem “à escuta uns dos outros para discernirmos, juntos, aquilo que o Senhor está a pedir à sua Igreja. Isto exige de nós que estejamos atentos e nos precavamos bem para não prevalecer a lógica da autopreservação e da autorreferência, que acaba por tornar importante o que é secundário, e secundário o que é importante”.  

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O Pontífice insistiu na importância da escuta para o êxito dos trabalhos sinodais, uma escuta “sincera, orante e, o mais possível, livre de preconceitos e condições permitir-nos-á entrar em comunhão com as diferentes situações que vive o povo de Deus”.

“Ouvir a Deus, para escutar com Ele o clamor do povo; ouvir o povo, para respirar com ele a vontade a que Deus nos chama”, insistiu.

O Pontífice finalizou repetindo as palavras do Papa Paulo VI na mensagem aos jovens de 8 de dezembro de 1965, por ocasião do encerramento do Concílio Vaticano II, na qual exortava a “alargar” os corações “a todo o mundo, a escutar o apelo dos vossos irmãos e a pôr corajosamente ao seu serviço as vossas energias juvenis”. “Lutai contra todo o egoísmo. Recusai dar livre curso aos instintos da violência e do ódio, que geram as guerras e o seu cortejo de misérias”, concluiu.

Começo dos trabalhos sinodais

Os trabalhos sinodais começarão nesta quarta-feira, 3 de outubro, à tarde, com o discurso de abertura que o Papa Francisco pronunciará.

Trata-se do terceiro Sínodo convocado durante o presente Pontificado. O primeiro foi a III Assembleia Geral Extraordinária e o segundo a VIX Assembleia Geral Ordinária sobre o tema da família.

As atividades do Sínodo aberto hoje se desenvolverão em três unidades de trabalho sob as epígrafes de “Reconhecer: a Igreja em escuta da realidade”; “Interpretar : fé e discernimento vocacional”; e “Escolher: caminhos de conversão pastoral e missionária”.

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