REDAÇÃO CENTRAL, 4 de out de 2018 às 19:00
Que características deve ter um bom exorcista para se dedicar à luta frontal contra os demônios? O famoso teólogo espanhol José Antonio Fortea, autor do tratado de demonologia e manual de exorcismo Summa Daemoniaca, as detalha.
Em diálogo com o Grupo ACI, Pe. Fortea explicou que “é preciso partir do fato de que todo sacerdote tem poder para fazer exorcismos”, mas “a Igreja concede a permissão para fazer exorcismos ao que o bispo considera adequado”.
“O ideal, podendo dispor dele, é conseguir um sacerdote que tenha bom senso, que tenha boa vida de oração, de penitência, que esteja bem formado”, assinalou.
O sacerdote espanhol assegurou que quanto “mais qualidade tenha, melhor”, embora tenha destacado que “o mesmo se pode dizer para ser um vigário episcopal ou um vigário geral”.
Em particular, são dadas estas recomendações aos exorcistas, explicou, “porque se alguém vai se dedicar de forma habitual a este ministério, realizando exorcismos de forma habitual, é certo que o demônio não gosta que o façam sofrer e vai tentar se vingar”.
“então, é preferível escolher alguém que possa resistir aos embates do demônio se vai se dedicar de forma habitual”, assinalou.
Pe. Fortea indicou que “não é que o demônio seja o mais importante na Igreja, mas o exorcista faz o demônio sofrer. Por isso, aos exorcistas que se dedicam de forma contínua, cada semana, os demônios têm muito ódio por eles, porque estão os torturando”.
“O demônio quer tentar todos. Mas a sociedade que formam os demônios, porque são seres racionais, ataca mais os que mais danos fazem aos seus planos. Se pudessem afundar todos os bispos, eles o fariam, aos cardeais, melhor, ou ao Papa, melhor ainda. A particularidade é essa, os exorcistas atuam diretamente sobre o mundo dos demônios. Então, embora não sejam o mais importante da Igreja, têm-lhes especial preocupação”.
Os bispos devem saber realizar exorcismos?
Pe. Fortea indicou que os bispos não são os exorcistas por excelência, por isso não é uma obrigação para eles participar no ritual de expulsão de demônios
“Essa é uma coisa que se repete muito, mas em meus livres expliquei que não é assim”, acrescentou, pois “não há tradição nos escritos da Igreja Católica no sentido de que os bispo seja o exorcista por excelência”.
Do mesmo modo, disse, “o bispo não é quem celebra por excelência”, mas “a Missa é exatamente igual, seja dita o mais pobre pároco de um povoado ou o Arcebispo de Madri”.
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“Qualquer sacerdote celebra uma Missa tão valiosa, tão verdadeira como a do Papa, como a dos cardeais e como a dos bispos”, disse.
“O bispo é o que manda, é o que tem a plenitude do sacerdócio, é o que tem a máxima autoridade, é o sucessor dos apóstolos, o que vigia. Podemos colocar mil coisas. Mas, o bispo exorciza mais e melhor, com mais poder? Bem, então ele deveria se encarregar dos casos mais difíceis. E, ao vermos a história da Igreja, vemos que não existe tal tradição”.
“Se fosse assim – continuou –, se o bispo exorcizasse com mais poder, por que não levar os casos piores de possessão ao Papa? Não, nem há uma tradição disso. Acredito que o poder sobre os sacramentais, essencialmente é o mesmo nos presbíteros e nos bispos”.
Para Pe. Fortea, “o Senhor fez com que substancialmente o poder seja o mesmo em bispos e presbíteros, para que os bispos não se sintam moralmente na obrigação de ter que se encarregar dos exorcismos”.
“É função dos bispos exorcizar? Não. Podem exorcizar, mas não é sua função exorcizar. Por quê? Porque o bispo tem funções próprias: é função do bispo ordenar, supervisionar a liturgia, impor sua autoridade, receber os sacerdotes, resolver os problemas que afetam a diocese. Isso sim são funções do bispo”.
Como exemplo, o sacerdote espanhol assinalou que o bispo também não tem a obrigação de atender confissões.
“Será bom que atenda confissões, mas não é função do bispo atender confissões. O bispo que não se senta no confessionário não tem que ter nenhum remorso de consciência. O bispo que não recebe seus sacerdote, sim, deve ter remorso de consciência, porque é sua função”, indicou.
“Há coisas que o bispo pode fazer, mas não é sua função específica. Seria bom que fizesse algum exorcismo? Sim, seria bom, porque assim veria as realidades desse mundo espiritual, assim se conscientizaria mais do que é o ministério. Do mesmo modo que também é bom que um bispo, às vezes, atenda confissões, às vezes, faça batizados, às vezes, substitua um sacerdote que esta doente. Mas não é sua função”.
Pe. Fortea recordou o caso de uma mulher francesa possuída “que foi levada a São João Paulo II. Ele a exorcizou, não se especificou quanto tempo, não e libertou. E disse: levem-na ao Padre Amorth. É um exemplo de que, embora seja um Papa santo, como era São João Paulo II, não necessariamente significa que tem mais poder para exorcizar”.
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— ACI Digital (@acidigital) 12 de janeiro de 2018