Vaticano, 9 de out de 2018 às 13:00
As sessões de trabalho dos Círculos Menores do Sínodo dos Bispos estão tratando de temas que, como o da credibilidade da hierarquia eclesiástica ante os jovens devido às turbulências internas da Cúria ou os escândalos dos abusos, se dirigem ao mais profundo das problemáticas que a Igreja atual atravessa.
Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, 9 de outubro, no Vaticano, o Cardeal Gérald Cyprien Lacroix, Arcebispo de Quebec, Padre Sinodal e Membro da Comissão para a redação do Documento Final do Sínodo, reconheceu que nos Círculos Menores foi mencionado o assunto das turbulências dentro da Cúria romana.
“Sim, mencionados porque faz parte da realidade atual, mas também há temas mais importantes”, explicou. “Claro, não evitamos o tema”.
Nesse sentido, assinalou que a função dos pastores da Igreja, e também dos leigos, é transmitir o Evangelho: “Todos os membros da Igreja, não só os membros do clero, todos os membros da Igreja devem testemunhar a fé. Não estaríamos nesta situação de corrupção se testemunhássemos verdadeiramente a fé”.
Também se referiu ao tema dos abusos sexuais, que continua estando muito presente nos trabalhos do Sínodo: “Em nossos grupos de debate, temos dito que temos que dar uma formação melhor aos religiosos, aos movimentos, às associações, sobre a sexualidade”.
“Precisamos fazer um chamado à conversão, começando por nós mesmos. Porque se não começarmos por nós mesmos, seria palavras vazias. A fé que queremos é esta. Não temos que temer falar aos jovens”.
“É preciso enfrentar os problemas cara a cara com os jovens”, continuou. “É preciso ganhar novamente a estima, a confiança dos jovens. É preciso falar diretamente aos jovens. E nós deveríamos reconhecer nossas faltas. A conversão é importante, porque na falta de uma conversão verdadeira, estas são palavras vazias. Somente o testemunho verdadeiro pode funcionar”.
Sobre este tema, também se expressou o Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim, Índia, presidente da Conferência Episcopal da Índia e Padre Sinodal.
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Afirmou que “a Igreja não quer estar em situação defensiva” sobre este tema e assegurou que existe entre os Bispos a vontade de “falar desta questão”.
É precisamente essa vontade de falar o que está levando este tema a se tornar um dos mais debatidos nos trabalhos sinodais. “Temos debatido esta questão de forma profunda. Queremos uma Igreja autêntica e os jovens também. Queremos uma vida mais autêntica dos membros da Igreja e viver com honestidade. Esse é nosso objetivo”.
Outros temas
Durante a coletiva de imprensa também participaram o Cardeal Désiré Tsarahazana, Arcebispo de Toamasina, Madagascar, Padre Sinodal e presidente delegado da atual Assembleia Sinodal; e a religiosa Nathalie Becquart, auditora no Sínodo, ex-diretora do Serviço Nacional para a Evangelização dos Jovens e para as Vocações da Conferência Episcopal da França.
Além dos temas expostos, tiveram especial presença outros assuntos, como o papel da mulher na Igreja, a situação de insegurança social e econômica em que vivem os jovens em países em desenvolvimento, o interesse pela liturgia e o envolvimento dos jovens na tomada de decisões da Igreja.
Confira também:
Os abusos sexuais na Igreja, um dos principais temas do Sínodo dos Bispos https://t.co/DkRQz7Lg1c
— ACI Digital (@acidigital) 8 de outubro de 2018