Vaticano, 17 de out de 2018 às 09:36
Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 17 de outubro, o Papa Francisco advertiu que o insulto, o desprezo ou o sentimento de ódio para com outra pessoa, sobretudo se é um irmão, é uma forma de assassinato.
Em sua catequese, o Santo Padre continuou refletindo, como faz nas Audiências Gerais anteriores, sobre o Quinto Mandamento do Decálogo: “Não matar”.
“Aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável. Ninguém pode desprezar a vida dos demais ou a própria vida. O homem, de fato, traz em si a imagem de Deus e é objeto de seu amor infinito”.
No Evangelho, Jesus propõe uma nova perspectiva deste Mandamento, comentou o Papa. De fato, Jesus ensina que “diante do tribunal de Deus, também a ira contra um irmão é uma forma de homicídio”. Também o Apóstolo São João deixou escrito: “Aquele que odeia seu próprio irmão é um homicida”.
“Nós estamos acostumados a insultar”, lamentou o Papa. “Vem-nos um insulto como se fosse um respiro. E Jesus lhe ‘parem’, porque o insulto faz mal. Mata. O desprezo é uma forma de matar a dignidade da pessoa”.
“Seria muito bonito se este ensinamento de Jesus entrasse na mente e no coração, e cada um de nós dissesse: ‘Não insultarei mais ninguém’. Seria um belo propósito, porque Jesus nos diz que, se você despreza, insulta e odeia, isso é homicídio”.
Entretanto, Jesus “não se detém nisso, mas, na mesma lógica, acrescenta que inclusive um insulto pode matar”. Nesse contexto, “Jesus convida até mesmo a interromper a oferta do sacrifício no templo se há alguma ofensa a um irmão em nossa consciência, e ir reconciliar-se com ele”.
“Também nós, quando vamos à Missa, deveríamos ter esse comportamento de reconciliação com as pessoas com as quais tivemos problemas. Daqueles dos quais pensamos mal, ou aos que insultamos”. “Vamos pensar na importância do insulto, do desprezo, do ódio. Jesus os insere na linha do assassinato”.
“O que Jesus pretende estendendo até este ponto o âmbito do Quinto Mandamento?”, perguntou o Pontífice. “O homem tem uma vida nobre, muito sensível, e possui um ‘eu’ recôndito não menos importante de seu ser físico”.
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De fato, advertiu que, “para ofender a inocência de uma criança, basta um frase inoportuna. Para ferir uma mulher, pode bastar um gesto de frieza. Para romper o coração de um jovem, é suficiente negar-lhe a confiança. Para acabar com um homem, basta ignorá-lo”.
Francisco insistiu: “A indiferença mata. É como dizer a outra pessoa: você é um morto para mim, porque você o assassinou em seu coração”. “Cada vez que expressamos desinteresse pela vida dos outros, cada vez que não amamos, no fundo desprezamos a vida. Não amar é o primeiro passo para matar”.
Nesse sentido, recordou as palavras de Caim na Bíblia quando Deus lhe pergunta onde está seu irmão. Caim responde: “Não sei. Por acaso sou guardião do meu irmão?”. “Assim é como falam os assassinos”, assegurou Francisco. “Vamos tentar responder a essa pergunta: somos guardiões de nossos irmãos? Sim, nós somos! Somos guardiões uns dos outros”.
“A vida humana tem necessidade de amor. E qual é o amor autêntico? É aquele que Cristo mostrou, isto é, a misericórdia. O amor do qual não podemos prescindir é aquele que acolhe quem nos fez mal. Ninguém de nós pode sobreviver sem misericórdia, todos temos necessidade do perdão. Portanto, se matar significa destruir, suprimir, eliminar alguém, então, ‘não matar’ significa cuidar, valorizar, incluir e também perdoar”.
O Papa finalizou sua catequese sublinhando que “ninguém pode se iludir pensando:: ‘Eu estou tranquilo porque não faço nada de mal’”. Frente a essa atitude, o Santo Padre recordou que “um mineral ou uma planta tem este tipo de existência, mas um homem não”.
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— ACI Digital (@acidigital) 10 de outubro de 2018