Cidade do México, 22 de out de 2018 às 14:33
A Conferência Episcopal Mexicana (CEM) fez um apelo a escutar e atender "os gritos do pobre", que hoje se encarna na caravana de migrantes centro-americanos que cruzam o México a fim de chegar aos Estados Unidos.
Os bispos mexicanos publicaram um comunicado em 21 de outubro, intitulado “Os gritos do pobre”, manifestando a sua inquietude pelo “grito assustador dos nossos irmãos de Honduras e de outros países da América Central que iniciaram uma caravana em busca de sobrevivência um êxodo de libertação”.
“É um grito inarticulado que expressa tudo no deslocamento silencioso e desumano. E assustados contemplamos que com esta caravana, assim como com os diferentes gritos dos pobres, surgem gritos da sociedade tentando sufocá-los ao perceber estes gritos como uma ameaça ao seu conforto e interesses pessoais”, lamentou.
Em 13 de outubro, uma caravana de migrantes que pretendia chegar aos Estados Unidos saiu de San Pedro Sula, em Honduras, fugindo da pobreza e da violência vivenciadas pelos países centro-americanos. Estima-se que somavam cerca de 5 mil migrantes no momento da chegada à fronteira localizada no sul do México.
Em uma coletiva de imprensa junto com o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, o presidente da Guatemala, Jimmy Morales, disse em 20 de outubro que cerca de 2 mil pessoas da caravana de migrantes tinham voltado para suas cidades de origem.
O Ministério do Interior informou em 20 de outubro que "foi canalizada de uma maneira ordenada e segura a 640 pessoas nas instalações do Instituto Nacional de Migração (INM), dando prioridade aos grupos familiares com membros vulneráveis como crianças, adolescentes, mulheres e idosos".
"Estes migrantes expressaram seu interesse em buscar refúgio e foram levados a um abrigo em Tapachula, Chiapas", assinalou.
A caravana de migrantes foi muito criticada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que exigiu que os países da América Central e o México a impedisse antes que chegue à sua fronteira.
Trump ameaçou de impedir as ajudas a Honduras, Guatemala e El Salvador e, ao mesmo tempo, advertiu que poderia fechar a fronteira com o México, caso a caravana de migrantes não seja impedida.
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Os bispos mexicanos destacaram o trabalho de "atenção e acompanhamento" realizado nos 133 abrigos e centros de atenção da Igreja no país, também incentivaram o trabalho conjunto da Igreja com as autoridades civis.
"Para nós, cristão, ouvir os gritos do irmão significa compromisso e ação", asseguraram.
A CEM sublinhou que "os nossos irmãos deslocados são os verdadeiros pobres e somos chamados a dirigir o nosso olhar para ouvir o seu grito e reconhecer as suas necessidades".
"Todos nós na Igreja e na sociedade somos chamados a sair ao encontro dos deslocados e a oferecer o nosso apoio tanto organizado como espontâneo como princípio de humanismo e caridade", assinalaram.
Os bispos também recordaram que o movimento dos imigrantes é causado "pelo egoísmo, orgulho, avareza e injustiça, por isso, é fundamental realizar ações que libertem de todos estes males quebrando essas correntes com a ação de Deus em cada de nós".
No final da sua mensagem, os bispos mexicanos pediram a Santa Maria de Guadalupe que "desperte o amor de seu Filho em nossos corações para aprender a obedecer e a escutar o grito dos deslocados".
Confira também:
No sul do México há um “muro humano” que persegue os migrantes https://t.co/IAABbXAHdp
— ACI Digital (@acidigital) 28 de julho de 2018