PEQUIM, 29 de out de 2018 às 18:00
As autoridades chinesas prenderam Pe. Liu Jiangdong, sacerdote da Diocese de Zhengzhou, na província de Henan; além disso, a Associação Patriótica e o Escritório de Assuntos Religiosos o proibiram de exercer o seu ministério.
A prisão ocorreu depois da assinatura do Acordo Provisório entre o governo da China e o Vaticano para a nomeação de bispos no país asiático. Além disso, há alguns dias, em algumas dioceses, as autoridades retiraram as cruzes de várias igrejas católicas.
Segundo informações de ‘Asia News’, Pe. Liu Jiangdong foi preso porque era "muito ativo" com os jovens, pois organizava encontros de oração, catequese e eventos culturais com menores de 18 anos que, conforme as novas regras, são proibidos de entrar nas igrejas.
Pe. Liu tem 30 anos e foi ordenado em 2005. É pároco da Igreja do Sagrado Coração em Zhengzhou. No início do mês de setembro, as autoridades o prenderam dizendo que ele "não tinha organizado as finanças" e que "havia usado o dinheiro público para fins pessoais". Também o acusaram de "violar a política religiosa e as regras sobre as atividades religiosas".
Outro sacerdote de Henan confirmou a ‘Asia News’ que Pe. Liu foi preso e suspenso porque "fez muito". "Constituiu muitas comunidades de jovens e idosos. E como não respeitou as regras ao reuni-los, o governo ficou com raiva", indicou.
A suspensão do sacerdote foi anunciada no domingo, 30 de setembro. Além disso, as autoridades retiraram a cruz da torre central da paróquia de Pe. Liu.
Segundo Pe. Bernardo Cervellera, editor da agência de notícias ‘Asia News’ e especialista em Igreja Católica da China, "os jovens estão dispostos a realizar obras de caridade com os pobres, os idosos e os doentes: todas as coisas que o Sínodo sobre os jovens está esperando que todo sacerdote faça para os jovens das suas paróquias. Por isso, Pe. Liu é realmente o ícone do mártir deste Sínodo".
A prisão de Pe. Liu e a retirada de várias cruzes ocorreram em 22 de setembro, depois que o Vaticano anunciou a assinatura do Acordo Provisório com a China para a nomeação de bispos.
Graças ao acordo, dois bispos chineses puderam participar do Sínodo dos Jovens no Vaticano, encerrado em 28 de outubro. Os prelados aproveitaram a oportunidade para convidar o Papa Francisco para visitar a China.
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Alguns manifestaram a sua oposição ao acordo, como o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen, que em um artigo publicado no New York Times em 24 de outubro, escreveu: "Aos bispos e sacerdotes clandestinos (fiéis) da China, apenas posso lhes dizer: por favor, não comecem uma revolução. Eles (as autoridades) tomam suas igrejas? Já não podem celebrar? Vá para casa e reze com suas famílias. (...) Esperem um tempo melhor. Voltem às catacumbas. O comunismo não é eterno".
No voo de regresso de sua viagem à Lituânia, Letônia e Estônia no final de setembro, o Papa Francisco disse aos jornalistas: “Eu sou o responsável” pelo acordo.
Sobre os sete bispos que não estavam em comunhão com a Igreja até antes do acordo, como Dom Guo Jincai que participou do Sínodo, Francisco disse que “foram estudados caso por caso. Para cada bispo fizeram um expediente e estes expedientes chegaram à minha escrivaninha. E eu fui o responsável por assinar cada caso dos bispos”.
Sobre o acordo, Francisco indicou que “a coisa se faz em diálogo, mas, quem nomeia é Roma, quem nomeia é o Papa. Isto é claro. E rezamos pelos sofrimentos de alguns que não entendem ou que têm em suas costas muitos anos de clandestinidade”.
No dia 26 de setembro, o Pontífice dirigiu uma mensagem aos católicos da China e à Igreja universal na qual solicitou “gestos concretos e visíveis” aos bispos aos quais levantou a excomunhão.
Confira também:
Cardeal Zen pede a católicos fiéis da China que voltem às catacumbas https://t.co/YdYT6mEygw
— ACI Digital (@acidigital) 26 de outubro de 2018