OTTAWA, 30 de out de 2018 às 12:02
Médicos e especialistas em ética do maior hospital pediátrico do Canadá afirmaram que estão considerando a possibilidade de aplicar a eutanásia a crianças sem consentimento dos seus pais.
Em um artigo publicado por ‘National Catholic Register’, informaram que no final de setembro deste ano um grupo de especialistas do Toronto’s Hospital for Sick Children (SickKids) e do Centro de Bioética da Universidade de Toronto escreveram um parecer científico no qual abriram as portas para a possibilidade de acabar com a vida de pacientes pediátricos: “Escrevemos a nossa política olhando para o futuro, quando os jovens capazes tiverem acesso à lei MAID” (assistência médica para morrer), como se conhece a lei da eutanásia no Canadá aprovada em 2015 para aplicação a pessoas maiores de 18 anos, indicaram.
O diretor de bioética de SickKids, Randi Z. Shaul, o Dr. Adam Rapoport, pediatra e especialista em ética no hospital, e uma estudante do doutorado na Universidade de Toronto, Carey DeMicheli, assinalaram que "é errado obrigar uma pessoa a viver em circunstâncias de sofrimento insuportável e irremediável" e que "as pessoas têm o direito de viver, mas não o dever".
Em sua declaração, os especialistas questionaram: "Há situações nas quais os requerimentos da MAID e a administração devem ser mantidos em segredo para os pais e outros membros da família?".
Em um comunicado enviado à mídia, a porta-voz de SickKids, Jessamine Luck, assinalou que atualmente, no hospital só se aplica a eutanásia a pessoas com mais de 18 anos de idade. A porta-voz também indicou que nenhum autor da declaração quis falar com a imprensa a respeito.
O Council of Canadian Academies (CCA), que aconselha o governo em diversos temas sociais, atualmente analisa a possibilidade de ampliar as causa para a aplicação da eutanásia a fim que possam acedê-la "menores com maturidade", pacientes psiquiátricos e com Alzheimer.
Para Bridget Campíon, especialista canadense do Instituto Católico Canadense de Bioética, o que se deve fazer não é ampliar a eutanásia, mas "construir uma cultura de vida, uma cultura de cuidado, e o que o Papa Francisco chamou uma cultura da ternura. Precisamos de melhores cuidados em longo prazo para casos crônicos".
No Canadá, diz Celeste McGovern, do ‘Register’, "a saúde pública está em colapso. As salas de emergência estão cheias e as pessoas que esperam meses para serem enviadas a um médico, enquanto o dinheiro para a saúde pública parece influenciar as decisões sobre o fim da vida".
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Nesse sentido, o Canadá parece se mover na mesma direção da Bélgica e da Holanda, os primeiros países que legalizaram a eutanásia em 2002.
O que a Igreja ensina sobre a eutanásia?
São João Paulo II escreveu na encíclica Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida) de 1995, que “a eutanásia, em sentido verdadeiro e próprio, deve-se entender uma ação ou uma omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento. ‘A eutanásia situa-se, portanto, ao nível das intenções e ao nível dos métodos empregues’”.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, “quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inaceitável”.
Portanto, explica o documento, “uma ação ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassínio gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador. O erro de juízo, em que se pode ter caído de boa fé, não muda a natureza do ato homicida, o qual deve sempre ser condenado e posto de parte”.
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— ACI Digital (@acidigital) 9 de agosto de 2018