Vaticano, 30 de out de 2018 às 14:00
O Papa Francisco refletiu sobre a situação difícil que vivem milhares de hondurenhos e centro-americanos que formam a caravana de migrantes e tentam entrar nos Estados Unidos para fugir da pobreza e da violência em seus países.
No encontro realizado no último dia 29, com participantes do XV Capítulo Geral da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos), o Papa afirmou que "o migrante reza. Reza porque precisa de muitas coisas e reza da sua maneira, mas reza. Um perigo para todos nós, homens e mulheres da Igreja, mas mais para vocês pela sua vocação, seria pensar que não precisam da oração".
"Outro fenômeno dos migrantes – pensemos na caravana que vai de Honduras aos Estados Unidos – é formar um grupo. O migrante geralmente procura andar em grupo. Às vezes deve andar sozinho, mas normalmente anda em grupo, porque assim nos sentimos mais fortes na migração", disse o Pontífice, respondendo algumas perguntas dos presentes.
"Esta é a comunidade (...). Sempre em comunidade porque a sua vocação é adequada para os migrantes que se reúnem. Sintam-se migrantes, sintam-se migrantes ante as necessidades, migrantes diante do Senhor, migrantes entre vocês. Por isso é necessário andar em grupo", continuou.
Outra característica do migrante, explicou o Papa Francisco, é "arriscar. Às vezes também arrisca a própria vida. A prudência que vocês devem viver tem outro sentido, comparada com a prudência de um monge de clausura: são prudências diferentes. Ambas são virtudes, mas com um caráter diferente. Arriscar".
À pergunta de um scalabriniano que serve na Guatemala sobre a tentação de não se sentir ouvido por Deus em meio ao sofrimento, o Papa disse que "é necessário pedir, pedir e pedir insistentemente; mas junto com a comunidade, todos juntos. Todos juntos, conscientes de que toda a comunidade reza por este povo que sofre tanto".
Um scalabriniano colombianoa, que serve na Ásia e na Austrália, pediu uma mensagem aos seminaristas. Francisco disse que devem ser "migrantes para poder trabalhar com os migrantes. Migrantes de Deus, migrantes com a comunidade, migrantes de um povo, que se sintam em caminho".
"Como migrantes de Deus, levem à oração coisas concretas: que a oração é para lutar, para lutar com Deus! E se você luta, consegue as coisas. Diga-lhes isso: que tenham coragem", concluiu.
Solidariedade dos bispos da Costa Rica
Por outro lado, a Conferência Episcopal da Costa Rica expressou em um comunicado a sua proximidade com a caravana de migrantes e incentivou os fiéis a acolhê-los quando chegarem ao país.
Os prelados encorajaram a "sensibilizar-nos e comprometer-nos ante os fluxos migratórios causados pela pobreza, insegurança e pela perseguição que chagam o nosso país, a fim de que possamos ser uma nação solidária com a população imigrante".
“As realidades migratórias estão no coração da Igreja, o que remonta às suas raízes mais profundas. É sobre a dura experiência migratória do povo de Israel que Deus assinala uma legislação protetora para o imigrante. ‘Não matarás o estrangeiro nem oprimirás, porque vocês foram estrangeiros no Egito’”, indicaram.
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"Pedimos a Nossa Senhora dos Anjos a sua intercessão materna pelos irmãos migrantes e pelas pessoas que os acolhem, protegem, promovem e integram", concluiu o comunicado.
Caravana de migrantes
A caravana de migrantes seguiu o seu caminho na madrugada de ontem rumo a Santiago Niltepec, depois de descansar em Tapanatepec, no estado mexicano de Oaxaca.
O grupo de mais de 7 mil centro-americanos que entraram no México em 19 de outubro seguiu a pé, enquanto mulheres e crianças foram mobilizados em alguns veículos.
Enquanto isso, as autoridades dos Estados Unidos indicaram que estão preparando um grupo de soldados para impedir a entrada dos migrantes no país.
As tarefas desses reservistas, entre os quais médicos e engenheiros, costuma ser de apoio logístico aos guardas que estão na fronteira que cuida de mais de 3.000 quilômetros da fronteira entre os Estados Unidos e o México. Do mesmo modo, não podem impedir que os migrantes peçam asilo no país norte-americano.
"Muitos membros das gangues e algumas pessoas muito ruins estão nesta caravana que está caminhando em direção a nossa fronteira no sul. Por favor, voltem, vocês não serão aceitos nos Estados Unidos a menos que sigam o processo legal. Esta é uma invasão ao nosso país e o nosso exército os espera!", escreveu em sua conta no Twitter, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
Por outro lado, AFP informou que no domingo, 28 de outubro, 1500 hondurenhos que buscam se unir à caravana quebraram uma barreira da polícia guatemalteca, na fronteira com o México, mas não conseguiram entrar no território mexicano. Além disso, cerca de300 migrantes saíram no domingo de San Salvador em direção à fronteira com a Guatemala a fim de chegar também aos Estados Unidos.
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— ACI Digital (@acidigital) 26 de outubro de 2018