A Suprema Corte do Paquistão absolveu Asia Bibi, a mulher cristã condenada à morte por um suposto delito de blasfêmia no ano 2010.

“A sentença de morte é anulada. Asia Bibi é absolvida de todas as acusações”, afirmou Saquib Nisa, presidente da Suprema Corte.

O anúncio da sentença aconteceu nesta quarta-feira, às 9h20 (horário do Paquistão), entre fortes medidas de segurança com efetivos da polícia e especialistas de desativação de bombas na entrada da Corte, segundo informou a agência EFE.

“Não vejo o momento de abraçar a minha mãe. Finalmente nossas orações foram ouvidas!”, assegura Eisham Ashiq, filha mais nova de Asia Bibi em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Por sua parte, o marido de Asia Bibi, Ashiq Masih, declarou também a ACN que “é a melhor notícia que poderíamos receber, foi dificílimo ficar longe de minha esposa durante esses anos e saber que ela estava nessas terríveis condições. Agora, finalmente, nossa família vai se reunir, embora lamentavelmente duvido que possamos ficar no Paquistão”.

“Estamos muito felizes. O Senhor ouviu nossas orações por Asia e de todos os que a apoiaram. Hoje é um grande dia que recordaremos para sempre. A justiça triunfou e uma inocente finalmente está livre”, assegurou Joseph Nadeem, advogado de Asia Bibi a Vatican Insider.

Saif ul-Malook, advogado que fazia parte da defesa da cristã Bibi, indicou que tem “muito medo do que possa acontecer” depois que ela for libertada, pois “neste país há muitos fundamentalistas”.

“Tanto minha família como eu estamos em grave risco, especialmente porque eu sou muçulmano que defendo uma cristã e, por isso, cometi blasfêmia”, declara Malook. Mas, apesar da “situação tensa”, o advogado “agradece a Deus por este momento histórico no qual, depois de 9 anos e meio, finalmente se fez justiça a Asia Bibi”.

Asia Bibi é uma mãe de cinco filhos que trabalhava recolhendo fruta na cidade de Shikhupura, perto de Lahore (Paquistão). Em junho de 2009, foi denunciada por mulheres que asseguraram que havia bebido água de um poço. Por ser cristã e ter bebido do poço, este teria ficado contaminado e nenhum muçulmano poderia voltar a beber água dele.

No dia seguinte, uma multidão atacou a casa de Bibi e ela foi levada para uma delegacia por “segurança”, porém, foi acusada de blasfemar contra o Islã.

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Asia Bibi foi condenada à morte em 2010, perdeu o recurso que apresentaram ao Tribunal Superior de Lahore em 2014 e, em 2015, o mesmo tribunal paralisou sua execução após aceitar estudar sua apelação.

No último dia 8de outubro, o Supremo Tribunal do Paquistão estudou a apelação à condenação à morte de Asia Bibi e assegurou que existiam contradições nas declarações das testemunhas.

Radicais ameaçaram os juízes com “perigosas consequências” se Bibi fosse declarara inocente e inclusive se manifestaram em diversas cidades do Paquistão pedindo sua morte.

Ao menos duas pessoas morreram durante esses 10 anos por defender publicamente Asia Bibi. O primeiro foi o ex-governador do Punjab (Paquistão), Salman Tasir, foi assassinado por seu guarda-costas, Mumtaz Qadri, em 2011, por ter defendido a cristã. Qadri foi executado em 2016, mas enterrado como um herói.

O ministro cristão de minorias, Shahbaz Bhatti, foi baleado na porta de sua casa em 2011, por se opor à lei antiblasfêmia e por apoiar Bibi.

A Lei antiblasfêmia foi in saturada nos anos 1980 e, desde então, houve mais de mil acusações por este delito que pode levar à pena de morte, embora ninguém tenha sido executado por este crime até agora.

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