SARAJEVO, 5 de nov de 2018 às 12:00
O Arcebispo de Sarajevo, Cardeal Vinko Puljic, denunciou que na Bósnia-Herzegovina há um "êxodo escondido" de cristãos devido à difícil situação política, econômica e social.
A Bósnia-Herzegovina sofreu no início dos anos 1990 a sangrenta guerra que destruiu a então Iugoslávia, acabou com mais de 97 mil vidas e gerou cerca de dois milhões de deslocados.
O motivo dos confrontos foi principalmente étnico e religioso, entre bósnios (muçulmanos), sérvios (cristãos ortodoxos) e croatas (católicos). Embora a violência tenha diminuído depois do tratado de paz assinado em 1995, as tensões e divisões ainda prevalecem. O país também está passando por uma situação econômica difícil.
Além disso, o Cardeal Puljic disse à Fundação Pontifícia Ajuda a Igreja que Sofre (ACN) que a Bósnia-Herzegovina é uma das portas de entrada à Europa para o islã radical, que está se estendendo rapidamente pelo velho continente.
Perguntado sobre as causas do "êxodo escondido" dos cristãos, o Purpurado disse à ACI Stampa – agência em italiano do Grupo ACI – que isso acontece "porque somos uma minoria".
"O acordo de Dayton (assinado em 1995, que pôs fim à guerra na ex-Iugoslávia) não concede a igualdade a todos os cidadãos da Bósnia-Herzegovina. A mídia é dura e muitos jovens vão embora porque estão cansados de um ambiente em que há pressão de ambos os lados, tanto do lado sérvio quanto do lado croata”.
Também lamentou que "os políticos não trabalham para todos. Aqueles que são eleitos trabalham apenas para seus eleitores".
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Por isso, prosseguiu, "é necessário criar um estado onde os políticos eleitos trabalhem por todos os cidadãos, mas acima de tudo para criar uma igualdade em nível jurídico. Uma igualdade baseada nos direitos humanos, que permita cuidar da identidade nacional e cultural do país e respeite a liberdade religiosa".
O Cardeal Puljic assinalou que "o nosso povo católico tem um grande problema. Fazemos o que é possível, quanto ao lado caritativo, pastoral e também prático. As nossas escolas católicas, do mais alto nível, não são apenas para católicos: todos podem se matricular. E trabalhamos em muitos projetos, com jovens, com famílias".
Entretanto, "ainda temos um problema com o governo para a restituição das propriedades da Igreja. É difícil obter a devolução depois da nacionalização".
O Arcebispo de Sarajevo lamentou que, depois que o Papa Francisco visitou o país, em junho de 2015, "posso afirmar que nada mudou de verdade em termos práticos".
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— ACI Digital (@acidigital) 16 de agosto de 2016