O Arcebispo de Oviedo, Dom. Carlos Osoro, criticou a decisão das autoridades asturianas de distribuir de forma gratuita e generalizada a "pílula do dia seguinte" e os acusou de "permitir o aborto sem controle" e de "abdicar em sua responsabilidade de tutelar a vida".

Através de um comunicado, o Prelado assinalou que a decisão do Conselho de Saúde, que adquiriu dez mil doses deste fármaco abortivo para garantir sua acessibilidade a todas as mulheres a partir de 16 anos, supõe renunciar a suas responsabilidades, ao "desproteger a vida nascente".

Desde esta quarta-feira, 20, os centros de saúde de Atendimento Primário, alguns serviços de urgências hospitalares e as áreas de Planejamento Familiar, dispensarão gratuitamente a pílula abortiva. Assim, Astúrias se converte na terceira comunidade autônoma que outorga sem custo algum para as usuárias, embora sob prescrição médica, o fármaco "levonorgestrel".

Em sua nota, Dom. Osoro recordou o caráter abortivo da pílula. "Essa é a intenção e seu possível efeito, já que objetivamente o que se persegue é um aborto precoce", indicou, particularizando além que "o óvulo fecundado é já um ser humano, diferente da mãe".

Para o Arcebispo, o Principado aborda o assunto de maneira equivocada, pois "o problema de gravidez não desejada, fruto de relações irresponsáveis, não se pode tratar de resolver recorrendo ao expediente criminal do aborto".

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Presidenta do Colégio Médico

Por outro lado, a Presidenta do Colégio de Médicos de Astúrias, Carmen Rodríguez, qualificou a medida da autoridade asturiana de "demagogia sanitária" e recordou que enquanto "repartem grátis um fármaco que não é vital, negam medicação a pessoas da terceira idade, a que estão impedidos de acesso aos antipsicóticos", disse.

A doutora criticou que o fármaco possa ser receitado a jovens de 16 a 18 anos, ou, "inclusive, menos". "Como fará um facultativo para determinar em pouco menos de dez minutos se a adolescente que deve pedir a pílula é uma garota madura?", perguntou-se a Presidenta do colégio. "É uma medida totalmente irresponsável", enfatizou.

Para Rodríguez, que anteriormente criticou o plano do Principado para garantir a realização do aborto cirúrgico em hospitais públicos, o "levonorgestrel" não é um medicamento que contribui para o estado de bem-estar e recordou a seus colegas que "podem aplicar a objeção de consciência" e "negar-se a prescrever a pílula".