VIENA, 6 de nov de 2018 às 14:00
A União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) votou a favor de uma recomendação para renomear a Lei de Hubble como Lei de Hubble-Lemaitre, a fim de reconhecer as contribuições do sacerdote e astrônomo belga Georges Lemaitre pela teoria científica da expansão do universo.
"Para honrar a integridade intelectual e a descoberta altamente significativa de Georges Lemaitre, a IAU tem o prazer de recomendar que a expansão do universo seja conhecida como a Lei Hubble-Lemaitre", declarou a associação em 29 de outubro.
Durante a 30ª Assembleia Geral da IAU, realizada em Viena (Áustria), em agosto, foi apresentada e discutida a proposta para mudar o nome da lei com o nome do sacerdote que é considerado pai da teoria do Big Bang.
Em um comunicado publicado em seu site, a associação explicou que a iniciativa buscava "homenagear Lemaitre e Hubble pelas suas contribuições fundamentais para o desenvolvimento da cosmologia moderna".
Também desejava "honrar a integridade intelectual de Georges Lemaitre que o fez valorizar mais o progresso da ciência em vez da sua própria visibilidade".
Os 11 mil membros da IAU foram convidados a votar por meios eletrônicos no último dia 26 de outubro. Votaram 4.060 no total e 78% deste grupo aprovaram a proposta, enquanto 20% a rejeitaram e 2% se abstiveram.
Explicaram que esta lei "descreve o efeito pelo qual os objetos em um universo em expansão se afastam uns dos outros com uma velocidade proporcionalmente relacionada à sua distância".
Pe. Georges Lemaitre, que faleceu em 1966, foi um físico e matemático considerado o pai da teoria do Big Bang que explica a origem física do universo.
Em 1930, Pe. Lemaitre propôs um modelo de universo sob o nome de hipótese do “átomo primordial” ou “ovo cósmico”, o qual mais tarde ficou conhecido como o Big Bang
A sua teoria afirma que a história do universo é dividida em três períodos: o primeiro é "a explosão do átomo primitivo", o segundo é o "período de equilíbrio ou o universo estático de Einstein" e o terceiro é de expansão.
A IAU assinalou em seu comunicado que o sacerdote publicou um ensaio em 1927 sobre o ritmo da expansão do universo, mas "a popularidade limitada da revista na qual foi publicado o texto de Lemaitre e o idioma utilizado fizeram com que sua extraordinária descoberta passasse despercebida durante muito tempo pela comunidade astronômica".
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Destacaram que Pe. Lemaitre, membro da IAU desde 1925, trocou opiniões sobre o desvio para o vermelho com Hubble durante a 3ª Assembleia Geral da IAU, realizada em Leiden (Holanda) em 1928.
Pe. Lemaitre, ordenado sacerdote em 1923, obteve diversos cargos na Pontifícia Academia das Ciências, sendo assessor pessoal do Papa Pio XII e presidente da mesma em 1960.
Também recebeu o Prêmio Francqui das mãos do rei Leopoldo III da Bélgica em 1934.
Faleceu no dia 20 de junho de 1966, aos 71 anos.
Em 1979, durante o discurso do Papa São João Paulo II à Pontifícia Academia das Ciências por ocasião da comemoração do nascimento de Albert Einstein, citou algumas palavras de Pe. Lemaitre sobre a relação entre a Igreja e a ciência: “Precisaria a Igreja da ciência? Certamente que não, a cruz e o evangelho bastam-lhe. Mas ao cristão nada de humano é alheio. Como poderia a Igreja desinteressar-se da mais nobre das ocupações estritamente humanas: a busca da verdade?”.
Em uma palestra realizada em 2016 no Vaticano, o cientista britânico Stephen Hawking garantiu que “Georges Lemaitre foi o primeiro a propor um modelo no qual o universo teve um começo infinitamente denso. Assim, ele, e não George Gamow, é o pai do Big Bang”.
Em 17 de julho deste ano, o Google dedicou um doodle a Pe. Georges Lemaitre por ocasião do 124º aniversário do seu nascimento.
Confira também:
Sabia que um sacerdote católico foi quem propôs a teoria do Big Bang? https://t.co/NYHxrhR8fP pic.twitter.com/3byVoXIgqI
— ACI Digital (@acidigital) 21 de junho de 2016